Ano de dois mil, mês de maio, o Egito havia reaberto as fronteiras para o turismo após o massacre de Luxor que ocorreu em 17 de novembro de 1997, em Deir Elbari, no templo da rainha faraó Hashepsute, da 18ª dinastia, uma das maiores atrações turísticas do Egito. No ato terrorista morreram 57 turistas.
Cairo
Aproveitei a reabertura e realizei a viagem dos meus sonhos em direção do Egito para ver de perto o que restou dessa antiga civilização. Ao chegar ao Egito deparei-me com a história a céu aberto. Fiquei surpresa com a impressionante marca dessa civilização gravada nos monumentos que nem o tempo, nem o homem conseguiram destruir apesar dos inúmeros monumentos saqueados e queimados seja pela ganância de pilhar as riquezas, seja por questões religiosas ou enterrados pela areia do deserto.
Sobre um barco descemos o Nilo e visitamos Luxor. O templo de Luxor é esplendido e me fez esquecer a primeira impressão de achegada no Cairo. Muros desenhados com hieróglifo em baixo relevo maravilhoso. Senti-me dentro do livro de história Geral do ginásio. Assim como nós estávamos fascinados com todos aqueles monumentos, os egípcios pareciam muito curiosos conosco o, todos se viravam e nos olhavam intrigados com os equipamentos de foto do meu marido, ou com a pele rosada dele ou pensavam que eu era uma egípcia (sempre havia que perguntava se eu era egípcia) e estivesse traindo o povo ao me casar com um gringo. Até hoje sinto os olhares voltados para nós, mas não eram agressivos, apenas curiosos.
A viagem pelo Nilo foi muito agradável, o rio é calmo e o barco não balança. Seguíamos em caravana de embarcação e creio que era uma forma de segurança para os turistas, sempre seguidos de longe por embarcações militares. Apesar do controle militar em todas as cidades turísticas nos arriscamos e foi uma viagem incrível.
Visitamos Edfou, as pirâmides em Gisah, Kom Ombo, Philae – Assouan, o vale dos artesãos, o Templo de Hatchepsout (a primeira faráo do Egito).
pirâmides em Gisah,
Templo de Hatchepsout
Visitamos os campos de plantações onde agricultores ceifam o trigo e o capim com as próprias mãos, e aravam a terra com instrumentos de madeira puxados por bois, igual as imagens gravadas em alguns monumentos. Ali percebemos o contraste da grandeza de um povo que tanto progresso desenvolveu na antiguidade com a modernidade, parecia que tinham que parou no tempo.
Todas as terras às margens do Rio Nilo são verdejantes, mas ao nos afastarmos a natureza é deserta e seca. Pegamos um vôo para visitar Abou Simbel, o vôo durou 2 horas de tortura, pois o avião sacudiu tanto que parecia que ia desmontar devido sob a força dos fortes ventos, essa viagem me marcou a memória. Só ficamos uma tarde e voltamos.
A viagem nos leva para fazer uma visita: ver os templos de Raméses II e de Nefertite. Uma maravilha da civilização antiga e de tecnologia moderna para restaurar obras desse porte. Em cada templo estátuas gigantes de Ramsés II e Nerfite, esculpidas em pedra, guardam a porta de entrada.
A construção dos templos dedicados a Ramsés II e a Nefertite durou cerca de 20 anos. O trabalho foi executado durante o reinado de Ramsés II (1279-1213 aC). Os templos permaneceram séculos enterrados na areia. Parte dos templos foram descobertos em 1813 pelo explorador suíço Burkhard. Em 1817, o italiano Giovanni Battista Belzoni descobriu o resto dos restos mortais.
Entre 1964 e 1968, ao construírem a represa de Aswan, os templos de Abu Simbel foram deslocados para evitar de ficarem definitivamente submersos nas águas do lago. Com a ajuda de engenheiros e de fundos internacionais, os templos foram desmontados e reconstruídos em outro local 65 metros mais alto. Esta operação durou 4 anos e custou mais de 36 milhões de dólares. Em troca da ajuda recebida, o Egito doou alguns de seus tesouros e templos para outros países, como o Templo de Debod, em Madri. No processo de deslocamento do templo, que são incrustados numa montanha, os engenheiros, técnicos e uma grande equipe de estudiosos, recortaram a montanha e numeraram os blocos, que foram transportados e montados no lugar designado seguindo a mesma posição em relação ao sol. Um impressionante trabalho de preservação e tecnologia e engenharia realizado pelo homem moderno.
Em cada lugar que passamos, visitamos templos maravilhosos construídos com pedras gigantes dedicados a deuses egípcios e faraós. Todos decorados no exterior e no interior por hieróglifos. Sobre a pedra dos muros e das colunas de cada templo, túmulo ou sarcófago pudemos apreciar símbolos em baixo relevo, alto relevo, pintura colorida ou dourada, figuras (hieróglifos) que registram a história para quem a edificação foi erigida. Constatamos que os hieróglifos pululavam por todo o antigo Egito. Esses símbolos eram usados com propósitos religiosos e decorativos. Também as superfícies de caixões de madeira, joias, recipientes de calcita e papiro eram altamente detalhados com hieróglifos elaborados.
A grandeza das obras fala por si só e nos indicam quanto essa civilização era grandiosa. O Egito é um país único e para bem conhecê-lo é preciso muitas viagens mesmo que a situação política e religiosa seja um problema. Ver tudo o que foi deixado por essa civilização é realmente um privilégio.
Por VALQUÍRIA IMPERIANO