Filme: Anatomia de uma queda
O filósofo francês Michel Foucault se dedicou na leitura das instituições modernas, consequentemente estudou com detalhes seus discursos e tudo que se sabe sobre ela. Muito além dos discursos vem a construção de verdades e o impacto disso na sociedade e na vida das pessoas. Uma das instituições que mais foi estudada por Michel Foucault foi a Justiça, principalmente quando pensamos em sua obra “Vigiar e Punir”.
Para o filósofo, antes do crime e do criminoso, há o texto da lei e a construção da verdade, o estudo da pessoa e a narrativa que envolve todo acontecimento. E é praticamente isso que ocorre em Anatomia de uma queda.
Anatomia de Uma Queda é o vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original e dirigido pela cineasta Justine Triet, tem como ponto de partida a morte de Samuel, marido de Sandra, que é encontrada pelo filho do casal. A partir daí, todo o trâmite jurídico-policial tem início e a mulher, que é uma escritora bem-sucedida, é tratada como principal suspeita.
Sandra passa então a enfrentar uma batalha jurídica e, desde o início, afirma que é inocente. Porém, aos olhos da Justiça, ela é culpada. Mas de que maneira a esfera judiciária vai construir tal culpa? Obviamente, o que passa a ser julgado é o modo de vida da escritora e não o crime em si.
O roteiro de “Anatomia de Uma Queda” trabalha de maneira magistral as teses em torno da ordem do discurso e das verdades produzidas pela Justiça a partir da vida daqueles que estão na mira dos tribunais.
A trama é sensacional, mas, o que mais me chamou a atenção foram os diálogos inteligentes e viscerais.
Anatomia de uma queda está na Amazon e o filme é imperdível!
Beijos
Por CLAUDIA FAGGI