FILME: O Destino de Haffmann
Tem momentos na vida que nós temos a sorte de encontrar manifestações artísticas que nos fazem evoluir como pessoas. No cinema não é diferente. Tem filmes que acrescentam amor, cultura e história. Esse é o caso do filme O Destino de Haffmann que está na Netflix.
A película tem uma linguagem mais clássica e é retratada de uma forma convencional pela fotografia assinada por Denis Rouden. O tom é ligeiramente amarelado e parece um retrato envelhecido pelo tempo.
A trama se passa no começo dos anos 1940, numa Paris cada vez mais dominada por soldados nazistas. Joseph é judeu e também é proprietário de uma joalheria bem-sucedida.
O protagonista precisa repensar a sua vida, bem como a de seus familiares, quando os judeus começam a ser perseguidos. Sem muito tempo para organizar tudo, propõe ao único funcionário, François, um plano que envolve a venda de fachada do empreendimento e a posterior devolução assim que tudo voltar ao normal, mas, alguns problemas fazem com que as coisas não saiam como o desejado.
François e sua esposa Blanche, administram a joalheria e moram na casa confortável do antigo patrão que fica confinado no porão, com medo de ser levado para um campo de concentração. A partir daí acontece uma interessante dinâmica de transformação e troca de papéis e valores.
Acho que o grande tema desse longa-metragem selecionado para o 13º Festival Varilux de Cinema Francês seja como alguém pode se tornar tão cruel em tempos de crise.
O cineasta Fred Cavayé assina o roteiro ao lado de Sarah Kaminsky e ambos partem de uma peça teatral escrita por Jean-Philippe Daguerre.
O Destino de Haffmann é um conto moral que tem a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo. Enquanto os soldados nazistas tomam as ruas e reduzem drasticamente os judeus da paisagem local, François desponta como um pequeno empresário indo em direção ao sucesso.
O filme expõe traços escondidos de personalidade e mostra o sofrimento de Blanche, que assume o papel de esposa que carrega constantemente no semblante a mortificação diante da transformação do homem humilde com quem se casou num capitalista desalmado. A transformação é tão grande que podemos concluir que para François a guerra é positiva.
Para mim, neste caso, o diretor foi assertivo e conseguiu provar que a arte imita a vida
Bom filme!
Por CLAUDIA FAGGI