LIVRO: NÓS
AUTOR: YEVGENY ZAMYATIN
Quando se fala em distopia, todos lembram de “1984”, de George Orwell, mas vocês sabiam que houve um escritor que inspirou Orwell? Sim, esse homem se chama Yevgeny Zamyatin, russo e lançou sua distopia “NÓS” em 1924, 25 anos antes da mais conhecida das distopias.
“Nós” é considerada uma obra revolucionária, pelas suas abordagens críticas, observada na União Soviética pós-revolução, quanto em outras partes do mundo. Os regimes totalitários chamaram a atenção de Zamyatin para o romance que inspiraria “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley e “1984” de George Orwell.
“Nós” é retratado em um Estado totalitário (futuro), onde a vida é controlada pela lógica e pela razão. Cada cidadão é identificado por um número e não por nomes. Demonstrar individualidade ao invés do coletivo, classifica as pessoas como doentes. D-503, o protagonista, é um engenheiro que tem a responsabilidade de construir a Integral (nave espacial destinada a controlar outras civilizações, submetendo-as ao regime denominado “Estado Único”). D-503 começa um relacionamento amoroso com I-330 e isso faz com que questione as leis do Estado. O romance entre eles explora temas como: liberdade individual, conformidade, repressão do Estado e a natureza humana.
Zamyatin escreveu “Nós” logo após a Revolução Russa (1917), nos primeiros anos do regime soviético. Movido pela preocupação com o rumo que a União Soviética estava tomando e o controle da vida das pessoas, a liberdade de expressão e pensamento sendo arrancada deles, escreveu uma espécie de alerta para gerações futuras.
Sua obra reflete o ceticismo sobre os regimes totalitários, controle da individualidade do cidadão e sociedades organizadas sob a égide da razão e da ciência.
“Nós” não foi publicado na União Soviética durante a vida de Zamyatin, principalmente por tecer críticas aos regimes totalitários. Enfrentando intensa repressão do governo soviético, Zamyatin teve que emigrar. Sua obra só foi publicada na Rússia décadas depois, no final da década de 1980. “Nós” permanece como um testemunho dos perigos do controle estatal excessivo e da perda da individualidade, mantendo-se relevante para leitores ao redor do mundo até hoje.
Por LUIZ PRIMATI