LIVRO: VOZES DE CHERNOBYL
AUTOR: SVETLANA ALEXIEVICH
“Vozes de Chernobyl” é uma obra-prima da autora bielorrussa Svetlana Alexievich, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015. O livro, publicado originalmente em 1997, oferece uma exploração emocional profunda e tocante da catástrofe nuclear de Chernobyl, ocorrida em 1986. Svetlana emprega uma técnica narrativa única, misturando entrevistas e depoimentos de sobreviventes, familiares, trabalhadores, soldados e outros afetados pelo desastre.
O que torna “Vozes de Chernobyl” tão poderoso é sua abordagem humana e intimista. A autora não se concentra apenas nos aspectos técnicos ou políticos do acidente, mas dá voz aos sentimentos, memórias e traumas das pessoas que viveram essa tragédia. A autora transforma esses testemunhos em uma narrativa lírica e emocional, destacando a coragem, o desespero e a resiliência dos envolvidos.
Através de suas páginas, o livro desvenda as consequências de longo prazo de um desastre nuclear, não apenas no ambiente, mas também na psique coletiva da população afetada. Svetlana detalha o impacto devastador sobre a saúde dos cidadãos — cânceres, mutações genéticas e uma variedade de outras doenças se tornaram comuns. Além disso, a autora aborda as dificuldades enfrentadas por aqueles que foram forçados a evacuar suas casas, abandonando uma vida inteira para se tornarem refugiados em seu próprio país.
Um dos pontos mais fortes do livro é a maneira como Svetlana consegue capturar a ambiguidade moral e a complexidade das decisões que tiveram que ser tomadas durante e após o desastre. Ela revela tanto a negligência e o encobrimento por parte das autoridades quanto os atos heroicos de sacrifício individual.
“Vozes de Chernobyl” é um documento fundamental e profundamente humano sobre uma das maiores catástrofes do século XX. Ele não apenas informa, mas também comove, oferecendo uma visão essencial sobre o custo humano de erros catastróficos.
P.S.: Em 1987, apenas um ano após a tragédia de Chernobyl, ocorreu a tragédia com o Césio-137 em Goiânia, mas isso é assunto para outra oportunidade.
Por LUIZ PRIMATI