POETAS E POETISAS – Último poema por Alegria Mauro

POETAS E POETISAS – Último poema por Alegria Mauro

Desculpa por te amar tanto assim
Meu sentimento por ti não tem fim
Tenho alma abatida
Borrada a negro e decorada com lágrima
Mesmo assim
Ainda te amo
E este sentimento por ti, não tem fim

Estudei tanto para entender os traços usados para
Desenhar e pintar o amor
– Não achei
Vaguei os cantos deste vasto mundo
Só para encontrar a sílaba que completa o amor
– Mais outra vez não encontrei

Até o momento que decidi esquecer
Foi quando senti que
Tanto os traços quanto as sílabas que tanto procurei
Vivem em mim por meio de ti

O amor fez-me saber hoje de manhã
Quando o sol raiava pela janela
E nos olhos a lágrima molhava
Desculpa por te amar assim

Já fiz juras
Tracei metas
Tudo para esquecer o teu nome e
Enterrar as lembranças que ainda vivem na minha memória
Sem tropeçar, o máximo que consigo é ver o teu rosto no escuro
Chamar o teu nome no sono profundo

Dizem que estou enlouquecendo e adoecendo
Sim – só não sei qual enfermidade seria senão o teu nome
Estou contaminado com tuas células que transpiram lembranças de
felicidade
Estou febril de prazer de teus beijos e abraços

Transformei-me num poeta
Que só sabe soletrar teu nome
Seja em forma de dor ou amor
Tudo que agora, sei escrever é sobre ti e nós

Não sei mais o que é ler outros livros
Buscar novos conceitos
E amar outro coração
Minha oração a Deus, ainda é a mesma

Desculpa por te amar assim
Espero que entendas que
Estou sem norte
Nem sorte

Nessas coisas que se chama amor

As fotografias que tiramos
As frases que escrevemos
As metas que traçamos
Os sonhos que desejamos
Nos esperam para vivê-los

Foi sim ontem que de tanto te amar pintei teu rosto a carvão
Foi sim, ainda lembro o lápis que usei
O papel que escolhi
E a borracha que limpei a parte dos lábios

Estou em pedaços de amor por ti
Vivi anos me doando a ti
O ar que respiro é misturado com teu cheio
A água que bebo é junto os teu beijos
O calor que me aquece é feito do teu abraço…
É tanta coisa feito de ti
Que fortalece meu vício

Desculpa por te amar assim
Esta carta que escrevo
Não termina aqui
Cada instante que lembro de ti
É uma letra por escrever aqui

Dizem que o dia tem 24 horas
Só não sei como penso em ti durante 25 horas ao dia
Estou sofrendo
Aprendendo
E escrevendo…

Sei que o fim existe no cruzamento de duas linhas paralelas
Talvez isto seja física
Ou matemática
E o que aqui escrevo
Não se calcula, nem pela distância das partículas
Aliás quanto mais distante, ele cresce

Está memória é teimosa
Que terei problemas ao apagá-la por completo
Se é que pode acontecer

O tempo mostrou-me a simplicidade de amar e sorrir
Quando te conheci
Sim – 1 de abril
O começo do filme…

Por ALEGRIA MAURO
Saurimo, Lunda-Sul, Angola

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