Inicia oculto, não conseguimos entrever…
Capturo o momento, vislumbro o sentimento,
Processo a imagem inconscientemente.
Reconstruo o momento, a fotografia,
o panorama;
Assemelhando-se a uma câmera lenta…
Respiro, expiro!
O resultado surpreende…
A feita parece um recorte desfigurado,
Um truque ardiloso, um artifício astucioso.
A barriga fica cheia de borboletas voadoras e
barulhentas.
Me restabeleço tentando me recompor
E reinicio lúcida novamente.
Sinto uma florescente corrente elétrica
Estimulando meus nervos como interruptor.
Respiro, expiro!
O resultado surpreende…
Recebo fluxos circulando como sinais na pele.
A dor entabula, desboto a luz branca,
Cerro os olhos produzindo imagens mentais
Todas em preto e branco.
Arquiteto imagens coloridas…
Minha cabeça agoniza, não consigo regular
A luz, pretendo resolver de olhos fechados.
Respiro, expiro!
O resultado me surpreende…
Minha mente contrasta a imagem turva que
Brilha sem discernimento,
Nos meus olhos agudos explodem cores
Que metamorfoseiam a todo momento.
Respiro, expiro!
O resultado me surpreende…
Antevejo que acumulo entulhos,
Nascidos dos escombros e destroços
Não processados, sem encadeamentos.
Quero fazê-los leves, escassos ou invisíveis,
Flexíveis e rarefeitos,
Como se fossem à prova d’água,
Frequentemente compactos
Que possam ser reduzidos,
Para que finalizem com o meu desassossego.
Respiro, expiro!
O resultado me surpreende…
Por ADRIANA SILVA
Fortaleza, CE, Brasil