Hoje pensei em sair, ir para fora de mim, contemplar o mundo com estes olhos que de avelã nada têm.
Peguei-te, toquei-te, cheirei-te e senti o teu aroma invadir todos os poros da minha pele, a derme que já
transpirava apenas por um vislumbre teu.
Pertenci-te, fui teu, ali sentado num sofá de cabedal falsificado num mundo imaginário,
sem sol nem estrelas, nem dores ou alegrias… és o meu mundo, tornaste-te ele, ali, naquele ápice especial,
sem necessidade de sinalética.
Decidi ficar, ser um benjamim no teu jardim, beijar-te as pétalas como quem vira a página de um livro…
e tanto que sei a necessidade de virar as minhas.
As palavras sei-as de cor, tal como todos os tons do teu cabelo, o perfume é mágico e inalo-te, és livro e uma
história, foste palavras sentidas, e agora, aqui sentado a ler o passado, sinto alegria, sei que foram momentos
e eles constroem presentes.
Como presente, concedo-te o futuro… viverás perene na minha anamnésia, libertemo-nos da gaiola que nos
prende, seremos pétalas que voam ao vento, quem sabe, benjamins presos numa gaiola maior…
libertos por um livro…
Abre as asas, voa!
Por CARLOS PALMITO