Quando as brumas dos sonhos dissipavam
naufrágo, ao queimar os meus navios
a minha alma, faca de dois gumes
açoitava o verão que oprimia
e o tempo tornou-se meu inimigo
aderindo a esta distopia.
As flores exalavam asfalto quente
e as cores apresentavam-se deprimentes
invoquei, implorei aos ancestrais
pela volta da eterna primavera
que os olhos esperavam entredentes.
Porém, prefiro o brilho dos punhais
a essa paz, dominada pelo medo
na disputa dos eternos ideais
é como não dormir, e morrer cedo.
Por VALMIR JORDÃO