PROSA POÉTICA – Urgência por Cacá Matos

PROSA POÉTICA – Urgência por Cacá Matos

Viver dói. Mas não viver dói mais ainda. Dói se esconder. Dói não sentir nada ou sentir demais e não conseguir lidar ou colocar pra fora. Dói reprimir sentimentos e dói fingir que está tudo bem. A vida é dura. Mais pra uns do que pra outros. Alguns têm sorte e outros constroem a sua própria sorte. Mas também há aqueles que não têm nenhuma sorte e mal vivem…sobrevivem…ou apenas existem.

A vida é um labirinto. É dolorosa e agressiva. Mas não viver é pior ainda. Estar na terra e não fazer nada, não sentir nada, não amar nada, que seria da vida sem as paixões? Que emoção tem de viver uma vida de solidão? A vida passa tão depressa, ela é breve, é incerta e ligeira. Não espera ninguém.

Viver dói. Requer coragem, requer disposição, força de vontade, luta diária, tomada de decisão. Viver não é fácil, mas também é tão agradável se apaixonar por uma ilusão. Parece ironia, mas assim é a vida. Alguns amores são só fantasias, outros não.

A vida nos impõe limites, o tempo existe e passa depressa como um avião. Por isso é preciso urgência, de viver, de sentir, de experimentar a vida: amores, sabores, cores; explorar os sentidos, tato, olfato, audição, enxergar além da visão, ver o mundo com outros olhos.

Viver dói. Mas ainda assim é a chance de olhar o mundo, de olhar a si, dê-se a oportunidade de ser feliz. Há infinitas possibilidades para serem descobertas e desfrutadas. Viva. E viva intensamente, diga tudo que tem pra dizer, tudo que aperta o peito e dá nó na garganta. Ou escreva, mas registre, não guarde só na sua mente. Alguns até podem achar essa dor uma bela poesia.

Viver dói. Porém eu vivo e apesar de toda dor, todo vício, todo sacrifício, eu me levanto de toda queda, acho graça, sorrio e celebro os dias que ainda me restam. A vida não para e eu tenho urgência pra vivê-la…

Por CACÁ MATOS

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