CRÔNICAS – Coisas de crianças por Charles Luciano

CRÔNICAS – Coisas de crianças por Charles Luciano

 Não compreendo muito bem a lógica da nossa cultura e tradição, as quais defendem veementemente com relação às crianças, que existem determinados brinquedos exclusivos para cada sexo. Por exemplo, meninas devem brincar com bonecas e carrinhos de bebê e semelhantemente com elementos que remetam aos do seu convívio real no lar.

 Diferentemente, aos moleques é vetada a diversão com os tais brinquedos, sendo por isso comprados pelos pais carros, aviões, espadas, pipas, bolas de gude, pião, etc.

 Questiono, então: qual o embasamento lógico para isso? Acho que nenhum! O que há é apenas preconceito e uma ignorância tal, que perpassa os séculos, à semelhança das cores que também muitos afirmam que algumas são próprias de homens e outras de mulheres, por exemplo: o rosa para as donzelas e o azul escuro para os marmanjos. A nossa sociedade é realmente louca mesmo!

 Pergunto: a intenção dos simples elementos é formar a mentalidade, preparando os pequenos para o futuro? Analisemos de forma simplória o assunto em questão, até porque não necessitamos de muita profundidade na análise, apenas do bom senso: porventura, os garotos quando se tornarem adultos, não irão ninar bebê, empurrar seu carrinho, ajudar a esposa na cozinha e arrumar a casa toda? E as meninas, quando crescerem, por acaso não poderão dirigir automóveis, pilotar aviões, jogar futebol, competir com esgrimas no esporte, ou sendo policial, utilizar armas?

 Portanto, creio estar a nossa sociedade bastante equivocada; ao meu ver, não deveria haver exclusividade para os pequenos seres em construção. O que acreditamos ser dos garotos, também poderia ser sem nenhuma dificuldade ou problema das meninas e vice-versa. Verdadeiramente a sensata adoção, inclusão e a exclusão do impedimento, de modo nenhum interferiria na opção sexual futura, caso seja esse o temor dos pais e da sociedade, o trauma ocorre ao ser impelida pela curiosidade, e desejar a criança brincar com objetos não convencionais e ao mesmo tempo ouvir um não como barreira para a experiência com o novo, ou mais precisamente com o que deveria ser normal ou comum.

Por CHARLES LUCIANO

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