Drummond, não desejo comparação,
isso até porque tu és livre e eu sou rima,
mas desejo apenas te compreender.
Teu verso branco tem raro condão:
ser único verso branco que anima
minha pia métrica a lhe parecer.
Dos versos livres eu jamais fui fã,
ao invés, sou inimigo declarado,
do branco caos sou crítico mordaz.
Mas, Drummond, tu despertaste-me o afã.
Pois eu li teu verso e fui enfeitiçado.
É bruxaria o que teu verso faz.
E olhem só que um Carlos metrificado,
num fato tão improvável e inaudito,
viu a rima, do branco, sentir saudade.
Amor entre estilos inaugurado:
a métrica rendeu-se ao livre escrito
e eu rendi-me a Carlos Drummond de Andrade.
Por CARLOS E.S. DANTAS
João Pessoa – Paraíba, Brasil