MÃE ÁFRICA – Mukanda – Circuncisão Cokwe

MÃE ÁFRICA – Mukanda – Circuncisão Cokwe

 A cultura do povo Côkwe “Txokwe” residente no leste de Angola e uma parte da Zambia e República Democrática do Congo, destaca-se por possuir aspectos que podem se considerer próprios e único. Nesta edição abordaremos sobre MUKANDA, (Circuncisão) traduzindo para o português.

 Mukanda é a preparação ou treinamento de jovem adolescente (Kandandji) para um verdadeiro homem. A preparação começa com o acto de circuncisão (corte de prepúcio) até os ensinamentos de caça, pesca, construção, dança, conhecimento profundo da tradição, da guerra, a resolver situações da comunidade, aprende-se uma outra comunicação gestural e linguística própria dos Ngalames “Circuncisos” e por fim, como tratar a sua esposa. o MUKANDA em partes é também o elemento que dá partida ao casamento.

 Os Tfundandji (plural do Kandandji), após serem circuncidados permanecem 11 a 12 meses distante de toda comunidade, tendo contato apenas com alguns homens já circuncidados e mais velhos da aldeia quando necessário, somente era permitida a circuncisão de rapazes maiores de 14 anos de idade, conscientes de guardar os segredos e juramentos de lá, e que tenham alto nível de responsabilidade.

 O Mukanda envolve alguns rituais que servem de sua subsistência nomeadamente o mwima que dá início ao Mukanda. Na verdade, o mwima é um tipo de árvore que é cortada, para dar abertura ao Mukanda. Quem visse esse sinal logo perceberia que há um tchissela (Festa). Depois, envolve-se o mukixi (palhaços mascarados), que era o transmissor, protetor e o elemento de ligação entre o Nganga Mukanda (quem detinha o manejo de retirar o prepúcio aos circuncidados), a comunidade e o próprio Mukanda. O Mukixi, além de ser um elemento de ligação, serve também de zelo, protetor do mukanda através de vários rituais e tantos outros mistérios.

 O MUKANDA É CONSTITUÍDO POR:

 1. Kandandji: Aquele que é circuncidado

 2. Natxifi: Responsável pela alimentação dos tundandji, esta não pode envolver-se sexualmente até que os circuncidados saíam, que seja uma idosa, geralmente a mais velha da aldeia.

 3. Nganga mukanda: Aquele que circuncida.

 4. Thangixi: Responsável pelo ensinamento da canção, caça e arte.

 5. Txikholokholo: Responsável pelo tratamento de ferimento e higienização dos tundandji. Também responsável pelo treinamento de hábitos e costumes.

 Na saída do mukanda é realizada uma festa (txissela), aonde cada kandandji mostrará o que aprendeu, a/o txissela e as danças, serviam de passage de sofrimento para alegria, de cativo para liberdade e reconciliação de uma nova vida. Atualmente, devido ao desenvolver das sociedades, a duração de 12 meses entrou em arcaismo.

 O Mukanda feminino também envolvia semelhantes rituais, porém, não tão profundo quanto ao Mukanda masculino. O mukixi no Mukanda feminino também exercia a função de protetor, transmissor de informações sobre o estado daquela que era prepararada e o suposto pretendente e seus familiares. Era precisamente o txindombe, mukixi para o mukanda masculino, que tinha que informar ao noivo e sua família todos os passos dá futura noiva. O pedido as meninas, acontecia antes mesmo da sua primeira mestruação, a mulher que passava no Mukanda feminino tinha que ser virgem pois é no Mukanda onde certamente ela era envolvida nesse assunto. A mulher era retirada do Mukanda até ao marido coberta de um luvunga (peça de pano) e o noivo também, efectuava-se mais um outro ritual para então serem descoberto os rostos e só assim começaria o festejo completo.

Autores:
ALEGRIA MAURO MANUEL
PIEDADE NOÉMIA MANUEL
AMBRÓSIO SANTOS UPITE

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