Recebi uma visita inesperada e muito querida uma noite dessas, uma mente inquieta, que vive nos seus mais profundos devaneios, na ponta de sua caneta, escorre desejo e luxuria, escritor voraz de textos e contos eróticos, nos presenteou com um gozo em forma de conto…
A musa do vestido dourado!
Eu a vi poucas vezes na vida e, sempre que a via, sentia dois tipos de odores: o perfume de mulher e o perfume da arrogância! Seu jeito de andar, de respirar, trazia um ar de superioridade, mesmo não sendo tão alta e nem ter grade alto, mas maior que o meu!
Eu, do meu lugar apenas olhava, devolvia o bom dia sem cruzar os olhares, mas o cheiro me invadia, os dois, um em cada narina. Não sou do tipo que chamo a atenção, discreto no jeito de ficar, expansivo quando me dão liberdade, festeiro quando o crachá cai e foi, numa dessas quedas, que trocamos as primeiras palavras.
Um happy de leve, meia dúzia de garrafas, oi, tudo bem foi o que trocamos, afinal, ela estava com a turma dela, da “outra empresa”, novamente o cheiro me seduzia a ponto de dar raiva e tesão! Ela sequer imagina.
Eis que um evento, regado a música e bebida, colocou tudo por água abaixo e eu perdi a pose! Assim, a minha postura sempre vai abaixo quando estou na bagunça, eu gosto de viver esses momentos com intensidade. Trocamos mais algumas poucas palavras, brindes, uma cerveja, duas, cinco, o álcool subiu e o fogo em mim despertou!
O vestido dourado dela me cegou, o perfume dela me dopou, o selinho dado gratuitamente me envenenou… Agora, o efeito ofídico daqueles lábios, agora mora na minha mente e na minha luxúria. Óbvio que tenho ciência de ser algo proibido, por alguns fatores, o principal deles talvez seja o fato de estarmos separados pelo título de nobreza: ela uma Dama da Alta, eu um plebeu do gueto!
Ok, eu não sou tão vitimizado assim, sei do meu valor, mas a minha cotação é menor do que a dela! Minha expectativa agora são três: uma virada no dólar e um up na minha cotação, um erro do cupido (ou de Baco mesmo) ou uma crise nasal que me entupa o nariz e eu não sinta mais o cheiro doce da musa do vestido dourado!
Por FABIO AUGUSTO
