AUTOPOIESE E NARRATIVAS – O Antigo Egito, suas curiosidades, seus encantos.

AUTOPOIESE E NARRATIVAS – O Antigo Egito, suas curiosidades, seus encantos.

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.”
Friedricch Nietzche

Caros leitores (as)!

 O propósito primordial desta Narrativa sobre “O Antigo Egito, suas Curiosidades, seus Encantos”, se enquadra a uma pesquisa investigativa que possa traduzir à vida, o amor, a poesia e temas integrados a essa temática, que busca chegar perto das riquezas culturais do Antigo Egito. Sinto-me honrada pelo enriquecimento de conhecimentos que está Autopoiese me proporcionou, enriquecendo meus e nossos conhecimentos. Destacamos o nosso reconhecimento ás diferentes fontes informativas como: Artigos, Revistas, Fontes na Internet, que me levaram a redigir alguns dos itens narrativos que integram a escrita nesta Coluna, “Autopoiese & Narrativas, na fascinante REVISTA INTERNACIONAL THE BARD.

 

 Seja bem-vindo, seja bem-vinda!

 

 Por ser uma literatura demasiadamente vasta procuramos construir uma Narrativa, que possa contribuir para outras investigações, concepções e reflexões integradas aos construtos aqui trabalhados. Portanto, limitamo-nos a apresentar uma pequena seleção de achados nas diferentes fontes informativas, nos aspectos referentes a uma poética suscitando as escritas metafóricas em relação à beleza, ao poder e amor, como também a sensualidade feminina da Mulher Egípcia.

 Embora as fontes de pesquisas relativas aos olhares para a antiguidade egípcia sejam abundantes, o tema é pouco explorado dentro do ambiente acadêmico, no Brasil. Isso se deve, em parte, ao fato de que as bibliografias que trabalham questões relativas ao Egito serem, em sua maioria, em outros idiomas, como francês, inglês e árabe.

 

 O Antigo Egito e suas curiosidades

 Temas relativos ao Antigo Egito provocam encantos e fascínios, sentimentos estes que remontam à Antiguidade. Quase um milênio atrás, os antigos egípcios já fascinavam. Heródoto, Plutarco e Estrabão, como exemplo, seus escritos resistiram ao tempo e se tornaram referência para o estudo da sociedade egípcia, por meio da arqueologia e da epigrafia.

 Quando o assunto é curiosidades sobre o Egito, a lista é extensa e reforça o quanto o País é emblemático, misterioso e diverso. Com mais de cinco mil anos de história e um legado cultural e arquitetônico incontestável, a nação norte-africana desperta nosso imaginário até os dias de hoje.

 As curiosidades são várias, aqui destacamos algumas delas.

 – Os gatos eram adorados no Egito Antigo, reverenciados como criaturas divinas, capazes de trazer boa sorte. Ganhavam estátuas e até joias.

 – Os beijos entre os casais não eram bem vistos em locais públicos, e programas de televisão ou cinema eram inexistentes. Porém, é normal homens darem três beijos nas faces para se cumprimentarem.

 – As maquiagens tinham benefícios curiosos. Mais do que um sinal de vaidade, acreditava-se que os egípcios antigos se maquiavam a fim de invocar a proteção dos Deuses, Horus e Ra.

 – Os cosméticos eram feitos à base de diversos minerais e misturados a uma substância chamada Kohl. A mistura era aplicada aos olhos com utensílios feitos de madeira, osso e marfim. Também, era bastante comum o uso de perfumes, feitos com uma base de óleo, mirra e canela. 

 Atualmente, pesquisadores franceses descobriram que o cosmético servia como escudo para os olhos. Não havia antibióticos naquela época, então o chumbo usado em pequena concentração na maquiagem ativava o sistema imunológico. Assim, poderiam combater bactérias comuns nas águas paradas do Nilo e tratar infecções oculares.

 Os antigos egípcios adoravam jogar, depois de um longo dia de trabalho no Nilo. Costumavam relaxar disputando um dos diversos jogos de mesa como o “Mehen”, “Cachorros e Chacais” ou o mais popular deles, um jogo de azar conhecido como “Senet”. Esse passatempo, remonta ao ano 3.500 A.C e era praticado sobre uma grande mesa pintada, com 30 armários. Cada jogador usava um conjunto de peças que avançavam sobre o tabuleiro.

 O jogo era tão popular que a maioria dos faraós eram sepultados com ele.

 Os faraós do Antigo Egito sofriam de obesidade. A arte egípcia retratava-os sentados com corpos esculturais, mas a dieta faraônica revela outra história. Rica em cerveja, pão, vinho e mel, a alimentação egípcia era riquíssima em açúcar. Diversos estudos demonstram que muitos imperadores eram obesos e tinham uma saúde debilitada, agravada pelo diabetes.

 

 O poder da mulher Egípcia

 Cleópatra a mulher mais poderosa do Antigo Egito, governou por 22 anos e se destacou não apenas por sua beleza e estilo sedutor, mas pela inteligência e sagacidade. Fluente em nove idiomas, a Rainha Egípcia de origem Ptolomaica ou Ptolemaica ( Dinastia macedônia que governou o Egito de 303 a. C. a 30 a.C. Recebe a designação devido ao fato dos seus soberanos terem assumido o nome Ptolomeu (ou Ptolomeu do Grego Ptolemaicos) imortalizada por sua história de poder e conquistas. Quanto à sua morte, a teoria mais aceita é a de que ela se suicidou ao permitir a picada de uma cobra venenosa.

 No contexto real feminino, no Antigo Egito, podemos destacar Hatshepsut, considerada a mais poderosa rainha, que governou o Antigo Egito no século XV A.C. com toda força política e carisma, ela usava a dupla coroa do faraó, indicando sua soberania sobre as duas terras, ou seja, o Alto e o Baixo Egito.

 Outra rainha foi Nefertiti, foi uma importante rainha egípcia da XVIII dinastia.

 Esposa do faraó Akhenaton, responsável por substituir o culto politeísta pelo monoteísta no antigo Egito. Alguns egiptólogos defendem a hipótese de que a Rainha governou o Egito durante dois anos, logo após a morte de seu marido.

 

 Ísis – Deusa do amor, da Fertilidade e da Magia.

 

 A deusa Ísis é uma das principais divindades da mitologia egípcia, embora seu culto transcenda as fronteiras do Egito e se estenda por todo o universo greco-romano, chegando inclusive às terras nas quais atualmente se localiza a Alemanha.

 A Deusa Ísis é ainda hoje, conhecida e adorada por pessoas do mundo todo.

 Ficou famosa por todo o Egito, sendo criados templos em diversos locais, como: Behbeit el-Hagar, Dendera e Filas. Fora esses templos, também se encontram locais de culto da Deusa da Mitologia egípcia na Itália, como em Pompeia, e no norte da Grécia.

 Ísis , era zelosa com todos, sejam escravos ou nobres, pecadores ou santos, governantes ou governados, homens ou mulheres. Assim sua natureza tinha força maternal e fértil.

 Por muito tempo esta Deusa foi venerada como a representação maior da essência materna e da esposa perfeita, além de velar também pelo reino natural. Ela era vista igualmente como um símbolo do que há de mais singelo, dos que morrem e daqueles que nascem.

 Na mitologia às cheias do Rio Nilo, que ocorriam uma vez por ano, era vinculado às lágrimas derramadas por Ísis, pela perda de seu amado. Juntos, Ísis e Osíris simbolizavam a realeza do Egito, e uma das lendas mais insólitas do folclore mundial.

 Ela representava o trono no qual despontava o poder real do marido. O culto desta deusa foi de grande importância na antiguidade, especialmente no Império Romano, no qual ela obteve muitos discípulos. Hoje, a arqueologia comprova este fato, e é possível encontrar vestígios de templos e monumentos piramidais em todas as partes de Roma.

 

A poesia de amor egípcia

 

“Nefertari” esposa de RamsésII

“A princesa rica encantos

Senhora do afeto

Meiga de amor

Dona de Duas Terras

Poetisa de lindo semblante

A maior do harén do Senhor do Palácio

Tudo que dizes será feito para vós

Todas as coisas bonitas de acordo com vosso desejo

Todas as vossas palavras trazem alegria a face

Por isso os homens adoram ouvir tua voz. “

Poema Egípcio- Extraído de um Papiro de 300 Anos.

(poesiaemtodaparte. blogsport.com)

 

 Para melhor entendimento de como os Egípcios lidavam com a emoção e os sentimentos do amor destacam-se nesta narrativa, como as diferenças comportamentais dos antigos egípcios não se diferenciam do nosso tempo. As dúvidas, os ciúmes, os medos, as atrações são semelhantes.

 Para os egípcios o sexo era um elemento básico da vida, como: comer, dormir, portanto era uma necessidade natural. A fêmea com desejos e libido, era caracterizada pelo homem como estando no cio. A linguagem egípcia nos momentos de amor possuía uma narrativa, com palavras que encontramos atualmente: divertir-se/brincar; vincular-se/atrair-se; passar horas agradáveis/ passar momentos amorosos; entrar numa casa/estar-junto.

 Ressalta-se, que a poesia é uma fonte notável de aprendizado sobre questões do coração e da libido no Antigo Egito.

 Os poemas de amor florescem no Império Novo de uma forma mais evoluída, quando percebemos que o amante utiliza-se de feitiços para conquistar sua amada, conforme o poema escrito abaixo.

 

Levarás o encantamento à morada da tua amada

Quando ela estiver sozinha, sem ninguém.

Poderás fazer o que desejas com a sua fechadura.

Os pórticos agitar-se-ão,

e o poder do céu descerá num sopro de vento,

trazendo-te a sua fragrância.

O aroma espalhar-se-á e embriagará

os que estiverem presentes.

Pois foi a Dourada que te atribuiu

a tua amada como uma dádiva

Até ao fim dos teus dias! (Papiro Chester BeauttyI (III, 2), apud Souza, 96.)

 

 Nestas linhas poéticas podemos perceber o poder do encantamento e como ele abria as portas à morada da amada, observa-se no contexto da poesia uma metáfora com conotações sexuais. Percebemos o belo de sentirmos na figura do amado desejando saciar seus desejos diante da porta de sua amada, visto como um trovão em busca da realização de suas vontades.

 Destacamos um poema de amor com inspiração mágica.

 

Ah! Se viesses ter comigo,

como um rápido mensageiro real (…).

Ah! Se viesses ter comigo,

como uma gazela fugitiva no deserto,

de patas vacilantes, esgotada,

o terror invadindo o seu corpo (…).

Papiro Chester Beatty I (apud idem, 2001, 90).

 

 Nos textos poéticos podemos encontrar o amor a partir das representações femininas da mulher desejada e do homem desejoso por seu amor. No âmbito da antropologia egípcia, o amor (Merut) é um poder mágico.

 Merut pode designar pessoa amada, apaixonada, diferente da percepção de amor no mundo ocidental que vê como um sentimento. Merut pertencia a um mundo concreto, o amor era visto na pessoa amada e não no sentir ou no pensar, no desejar e no querer.

 

A tua beleza arrebata os corações.

O teu amor faz tombar os braços.

A tua forma perfeita torna as mãos sem força.

O coração esquece-se de tudo para te contemplar.

Papiros Chester Beatty I (I,4), (apud Sousa, 2001, 84).

 

 Embora os casamentos no Antigo Egito tenham sido arranjados visando à estabilidade e o progresso pessoal, há amplas evidências de que o amor romântico era tão importante para o povo da época quanto é atualmente. O amor romântico era um tema popular para a poesia, especialmente no período do Novo Reino (1570-1069 A.C), quando aparecem várias obras elogiando as virtudes dos amantes ou das esposas.

 

O casamento

 O casamento era um evento simples, sem cerimônia religiosa ou civil; geralmente a mulher mudava-se para a casa do marido. A maioria das uniões em situação irregular, mas os casais ricos muitas vezes assinavam contratos delineando as consequências financeiras de um divórcio. A vida de casado no Antigo Egito não era muito diferente do que é hoje, de um casal com muitas das mesmas preocupações: essencialmente criar os filhos, alimentar e prover um lar para sua família.

 Chamou nossa atenção os documentos que descrevem casamentos temporários ou de teste. Este casamento temporário permitia ao casal testar o casamento, bem como uma saída rápida caso não houvesse filhos durante este período ou se decidissem que não estava dando certo. É um casamento complexo para a nossa realidade Oriental. Casamos e buscamos desenvolver a nossa capacidade adaptativa com a pessoa que escolhemos para viver, e ao longo da vida pensamos em aprender com a convivência a caminhar junto com uma visão de amor duradouro.

 Os casamentos eram dissolvidos por vários motivos, sendo o mais comum à ausência de filhos ou o adultério. Tanto homens quanto mulheres cometiam adultério, e ambos podiam dar início a um divórcio por esse motivo.

 

A beleza

 A questão da beleza é um tema real, desafiador e também espiritual na nossa contemporaneidade. Hoje, assistimos a um enorme esforço por parte das mulheres, para resgatar uma visão não demonizada da beleza, da prazerosidade, da corporeidade, entre outros. Vale ressaltar outro obstáculo em relação a um elo conatural entre beleza e poder.

 A beleza, em todos os planos (do design dos produtos à moda e ao comportamento das pessoas), está submetida a critérios mercadológicos. Algumas mulheres começam a denunciar o sacrifício dessas “obrigações de ser bonita”.

 

“A beleza desperta a cobiça mais rápido que o ouro”. (Shakespeare).

“Oh! Ela ensina as luzes a brilhar!” (Shakespeare).

 

 A beleza não é um tema isolável. Tem conexões com experiências do que nos faz bem, do que nos agrada, seu glamour é específico.

 Se o bem e a verdade não vierem acompanhados pela beleza, não a sentimos como uma experiência de vida. Ficando está no plano da abstração.

 Destacamos uma linda formulação do psicólogo James Hillman:

“a beleza é uma necessidade epistemológica, é o caminho pelo qual os deuses tocam nossos sentidos, alcançam nosso coração e atraem-nos para dentro da vida. Do mesmo modo, a beleza é uma necessidade ontológica, enraizada na contextura sensualizada do mundo.”

 Cleópatra tornou-se um dos símbolos nesse aspecto da beleza.

 Os egípcios cuidavam da beleza do corpo, a qual considerava um reflexo da alma. Para o egípcio, não se tratava de dar prioridade ao corpo em oposição à alma, mas de equilibrar ambos os níveis de maneira harmônica. Porque, todo o visível e todo ato físico refletem-se nos níveis invisíveis e vice-versa. O equilíbrio da estética do corpo e da alma era condição para poder avançar com êxito na vida. A preocupação pela aparência, a busca incessante e quase obsessiva pelos mais diversos métodos estéticos, a vaidade em suas múltiplas manifestações, em definitiva, é coisa bem antiga. Pinturas, representações e vestígios provam que já no cotidiano do Antigo Egito era possível ver sinais dessa procura pelo ideal de beleza. As mulheres maquiavam os olhos, pintavam as unhas e as palmas das mãos e usavam cremes para massagear e tonificar o corpo para suavizar a pele. Porém, o acompanhamento diário da própria imagem não estava ao alcance de todos. No Antigo Egito, o espelho era um objeto de luxo, um privilégio dos mais ricos. Muitos exemplares poderiam ser considerados verdadeiras obras de arte, tanto pelo material utilizado em sua fabricação como por sua decoração.

 

 A maquiagem dos olhos era o ponto mais importante.

 

 A fim de obter a forma amendoada e prolongar a linha ocular, utilizava-se malaquita verde ou a substância denominada khol, que era produzida com galenita de cor cinza escuro e algumas vezes misturavam com gordura de ganso. Aplicava-se o ruge na pálpebra superior e na inferior e costumava-se combinar ambos os tipos de cor. O verde nas sobrancelhas e nos ângulos dos olhos, o cinza como delineador para colorir os cílios.

 Olho de Hórus, também conhecido como udyat, é um símbolo que significa poder e proteção. O olho de Hórus era um dos amuletos mais importantes no Antigo Egito, e eram usados como representação de força, vigor, segurança e saúde. Hórus era o Deus egípcio do sol nascente e era representado como falcão. Era a personificação da luz.

 

 Egito um tempo de todos os tempos: nosso olhar

 

 Agradecemos a todos que leram essa narrativa por completo ou em parte. São muitas as curiosidades e os mistérios dessa notável civilização. São muitas as plasticidades originárias que esse tempo foi ao longo da história se revelando. Por isso, nos parece recomendável um olhar que preserve o tempo, mas que busque a abertura de novas investigações emergentes, desta complexa civilização.

 A morte de Cleópatra VII em 30 a. C. fez com que o milenar império egípcio chegasse ao fim após vários anos de fome, instabilidade interna e assédio dos romanos como também as erupções vulcânicas.

 O governo dos faraós terminou oficialmente em 30 a. C., quando o Egito caiu sob o domínio do Império Romano e se tornou uma província, após a derrota da faraó Cleópatra ( r. 51–30 a.C.) na Batalha de Alexandria.

 Com mais de cinco mil anos, a história do Egito é a mais longa e documentada do mundo. Nesta perspectiva precisamos ampliar nossos embasamentos teóricos tendo como foco a análise dos avanços dos processos históricos e culturais da Sociedade Egípcia.

 A todos, muitíssimo grata!

 

 Diante de tantas belezas encontradas nesta Autopoiese Narrativa, uma energia inspiradora nos levou a escrever este poema.

 

Amado

Por Stella Gaspar

 

Entre as estrelas estaremos

Com os nossos corações marcando um tempo.

Nossos corpos sorrindo

Estão como chuva de mirra.

Caindo sobre o Egito.

O que fazem nossos mundos imaginários?

Escutam os ecos dos céus

Deixando – me chegar

No elo de tua beleza.

Permitas-me amado

Eu quero viver toda essa paixão.

Que cresce em nosso íntimo

Com a alegria plena

Das manhãs com o sol nascendo.

Por STELLA GASPAR

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