Carmilla: A Vampira de Karnstein

Carmilla: A Vampira de Karnstein

RESENHA LIVRO CLÁSSICO

Carmilla: A Vampira de Karnstein

Percebo a existência poética natural em todos os livros vampíricos. Sheridan Le Fanu retrata essas criaturas de uma forma elegante, sedutora e estranhamente apaixonada. Não há indiferença em suas intensas naturezas.

Carmilla – A Vampira de Karnstein, é um clássico pouco conhecido. Essa obra marcou a literatura gótica quinze anos antes da publicação de Drácula. Le Fanu mistura elementos do folclore com tradições literárias de seu tempo.

Ambientada em Estíria, província do sudeste da Áustria, século XIX, a trama elucida a vida de Laura, orfã de mãe, que vive com seu pai em um castelo isolado. Uma jovem de dezenove anos com pouca vivência e que carece de companhia. A história, então, alcança seu ápice quando uma bela mulher, em decorrência de um acidente, torna-se hóspede de um dos quartos de Schloss, como a protagonista costuma se referir ao lugar onde reside. E essa encantadora moça é ninguém mais ninguém menos que Carmilla, cujo nome foi levado ao título.

Não demora muito para Laura perceber comportamentos incomuns em Carmilla, embora o medo pondere com uma estranha paixão antes nunca experienciada. A personagem é seduzida pela misteriosa, que lhe fornece votos de amor e fidelidade, mas que oculta a todo custo seu passado e história. Nesse segmento, o livro apresenta doses exatas de erotismo e horror, apontando nitidamente o prazer na melancolia e a versão egoísta da paixão. A sexualidade da vampira é explícito aos olhos do leitor contemporâneo, por sua predileção em atacar mulheres e pela atração incontestável por Laura.

Eis então uma reflexão interessante, posto que o autor explorou dois temas que eram vistos como degenerações de códigos morais e sociais na época vitoriana: a sexualidade feminina agressiva e a homossexualidade.

Um livro curto, li em dois dias. Vocabulário deliciosamente refinado, com vastas referências às mitologias nas notas de rodapé. Aprendi ainda mais sobre esses monstros belíssimos que, com culpa, emergem do inferno e tentam alcançar o céu, sabendo de tal empecilho por sede da vitalidade alheia. Recomendo para todos os amantes de thriller.

Por SARAH SCHMORANTZ

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