Por que nos conhecemos? Por que o acaso o quis? Foi porque
através da distância, sem dúvida, como dois rios que correm a unir-se,
nossas inclinações particulares nos impeliram um para o outro.
Gustave Flaubert
Há quem inicie e finalize uma história com uma frase, há quem cante uma música ou silencie e espere por aplausos. Todos esperam o fechamento da história e cada história se fecha de uma maneira diferente, mesmo que se faça uma receita de gestos, falas, músicas ou silêncios.
Cada contador(a) escolhe ou cria seu modo de finalizar sua história, sua apresentação, seja por frases conhecidas como “E entrou por uma porta, e saiu pela outra, e quem quiser que conte outra!” ou “Quem conta um conto aumenta um ponto”
As narrativas lidas têm o peso da leitura que deve ser feita com base em palavras, frases e pontuações já existentes no texto.
Ao contar uma história, mesmo que ensaiada ou com um texto já pré-definido, a pessoa usa de sua imaginação para entoar as sentenças e conquistar o público de maneira que abra horizontes para que tudo o que for dito, gestualizado aconteça dentro da imaginação de cada um, criando diversos mundos, diversas interpretações.
Aí está a riqueza das histórias, para cada um ela é uma, e ao mesmo tempo ela é a mesma.
Ao fechar uma história, muitas portas se abrem, dando início a sentimentos que fogem da previsão do narrador(a).
Quando se utiliza de frases, rimas, músicas, brincadeiras, gestos ou demais artifícios para o fim da contação, esse momento se torna mais confortável para o espectador que imediatamente entende que o ciclo da contação se fechou, mas esse rito não é algo obrigatório.
Existem vários tipos de finalização propostas, cabe a cada contador montar seu repertório, entender a si e a seu público, manter sua verdade e confiabilidade, respeitando o momento dos espectadores para que assim o espetáculo brilhe mesmo depois de seu final.
Viemos de lindas histórias e encontros narrados com amor e afeto, assim encerro essa história cheia de bons ventos e gratidão, que venham novos ares,
A distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes
fogueiras.
François La Rochefoucauld
NÃO EXISTE
CHAVE
Por JOYCE SANTANA