CONTOS E MINICONTOS – O peixe invisível por Joana Neusa da Silva

CONTOS E MINICONTOS – O peixe invisível por Joana Neusa da Silva

Era uma vez uma mulher, quase invisível para o mundo, embora tenha tido alguém para amar ao seu lado, mas por pouco. A razão para isso, talvez fosse seu jeito excêntrico por perceber o mundo com uma visão que as pessoas ao seu redor não compreendiam.

Hoje, vejo Ilze como uma personagem de um conto de fadas muito ruim ou filme com final infeliz, não que ela agisse para ser desse modo. Ela vivia com naturalidade os acontecimentos considerados sobrenaturais pelas pessoas do seu convívio que tinham conhecimento do seu comportamento e ela não se abalava com a opinião delas. Estudava, trabalhava e era muito tranquila.

Depois que os pais morreram sua tia foi buscá-la imediatamente, ficando com a guarda da menina. Foi então morar com a única tia e o primo seus únicos parentes. Sua tia tentava sempre usufruir da herança, só não aproveitava mais por causa da justiça. O primo a via de forma diferente, reconhecendo sua inteligência, enquanto sua mãe a achava estranha, chegando a levá-la um psiquiatra depois que a criança contou mais história fantástica: a história do peixe invisível. A menina sonhou que tinha um peixe que só era possível ser visto só por ela. Contou do seu entusiasmo, ao mostrá-lo para as crianças presente no sonho aquela maravilha, que se tornou visível, quando Ilze o retirou do aquário, todos ficaram extasiados. ela queria que todos tocassem nele e soubessem de sua existência. Tinha o lindo peixinhos transparente suspenso pela rabo…Nisso o peixe foi arrebatado da sua mão, voltando a ser invisível. O peixe não foi achado, mesmo depois das crianças tatearem o chão. No final de sua narração para sua tia, Ilze estava chorando porque tinha recebido a missão de cuidar daquele tipo de peixe. Depois dessa história, a tia marcou uma consulta com um psiquiatra. No final das análises, a tia mostrou-se muito contrariada com o terapeuta que atestou sanidade Ilze. O terapeuta explicou à tia que criar histórias era perfeitamente normal para uma criança.

Ela viveu com os dois até completar a maioridade e continuava contando acontecimentos de eventos fantásticos, mas, no mundo da Física quântica. Falou também das coisas que vivenciou quando criança, querendo provar que nem tudo era fantasia: “Os meus mundos paralelos existem”. Disse para o primo. “O presente em outras dimensões é o nosso futuro .É verdade”, disse para o primo, “assim também a minha visita àquele bosque de folhas cor de rosa. As folhas roçavam meu rosto, me dando a certeza que eram reais”. Esse bosque foi visitado depois por ela quando fez uma excursão ao Japão com os pais antes deles morrerem.

Depois que foi morar só, simplesmente sumiu sem deixar pista, começando uma incansável busca sem sucesso pelo primo e pelos amigos; mesmo depois de colocarem cartazes em vários lugares. A única pessoa que não demonstrava preocupação, era sua tia. Também pudera. Herdou toda a fortuna da sobrinha, a qual nunca foi encontrada.

Parece que Ilze foi para um lugar conhecido apenas por ela e seus habitantes irreais, fora da nossa dimensão. Será que o homem visível apenas para seus olhos voltou a visitá-la? Esse homem aparecia no canto do seu quarto e conversava mentalmente, mas a menina que era calada, tagarelava com ele usando a voz, então logo aparecia sua mãe repreendê-la.

Não tenho outra coisa para dizer a respeito: A não ser, comparar seu caso como uma história fora do contexto real. Ela tinha um futuro brilhante traçado por um destino absurdo, desde criança.

Nunca mais foi vista e nem foi encontrada por outras pessoas. Talvez tenha voltado para o lar em outra dimensão, onde o tempo não se conta. . Para mim: Quando Ilze viveu entre nós, ela era como seu peixe invisível.

Por JOANA NEUSA DA SILVA

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