So suddenly me vem um bicho, do lago, zunindo, e me faz do ombro o heliponto. Pergunto “Quer água?”, e ele responde com um “Obrigado” — mas só com um obrigado, o que me dá nos nervo. Porque legal, “obrigado” é legal, mas “obrigado” assim, sozinho, aí é meio estranho. Mas tudo bem, ele não queria água. Decolou de novo, e parecia decidido a testar as possibilidades aerodinâmicas de um quarto todo, infinitas, mas em seguida encheu o saco. Pousou na minha mão.
Flávio. Ele tinha dito na entrada, e eu esqueci. O nome dele era Flávio.
Disse a Flávio que esse calor tava demais, coisa muito séria; o Flávio sorriu, simpático. Olhou pro relógio.
Depois de um tempo, o Flávio perguntou o que tinha pra comer aqui. Eu disse “sonhos”. Ele riu, e eu não entendi por quê.
Por PEDRO HEBERLE