Reinicio o dia com ontens acumulados nas costelas
e em meu sangue correm hemácias, leucócitos e poesia
Persevero em mim o que de mim restou e continuo
com sonhos hibernados à espera do próximo sol de meio-dia
Se até hoje sei quem hoje sou, neste dia que se restaura
posso ser quem ainda não sei e ser quem sou um pouco mais
Vou desamarrar o sapato, vestir a camiseta ao contrário
prestar atenção aos detalhes, fazer do possível o necessário
finalizar o que comecei e começar o adiado tantas vezes atrasado
Vou retomar de onde parei, dobrar a esquina e seguir em frente
voar como se fosse vento e chegar ali que até aqui não cheguei
Vou aproveitar o dia neste dia recomeçado fazendo a barba
faxinando a poeira baixada e lapidar meu outro esquecido lado
E quando mais tarde o dia terminar vou dormir no quarto
desligar o abajur lilás, fechar as pálpebras e apagar a noite
para quando acordar o dia estar de mais uma vez de novo
Por JOAQUIM CESÁRIO DE MELLO
Pernambuco – Recife, Brasil