DESNUDA EM PALAVRAS – A Loba que ronda as planícies

DESNUDA EM PALAVRAS – A Loba que ronda as planícies

 Eu me deitei nua em várias camas…

 Caminhei despida pelos vales. Nadei nas correntezas geladas que me doíam o corpo.

 Eu fui pele quando me juravam amor premente, eu fugia de mim, quando os meus sentimentos não bastava-me, sentei em colos que me acariciavam para me ferir depois.

 Eu fui corpo prostituído, oferecido feito oferta para sentir o calor de um corpo que nunca me amou.

 Eu me perdi alucinada na minha tristeza, quando eu me deixei levar nua, em cama de um hirto que se esvaziava, e se despedia num tom seco.

 Eu fui por horas o alívio, a busca do prazer.

 Hoje eu me desfaço dos trapos que me deixei ser em camas vazias…

 Hoje eu não trago o lenço para chorar quando amanhecia só entre os raios de sol que me visitavam o corpo cansado, nu em meio ao frio de uma solidão proeminente.

 Sou “Senhora”, a dona do meu próprio destino! Sou eu o corpo que promete o hoje, o amanhecer em lençóis mas, também sou o abandono.

 Meus seios ofereço, minha boca eu deixo beijar, entre as minhas pernas o que escorre de mim escreve a força que tenho para não ser mais domada.

 Eu dou as cartas, sou a dama, a carne perfumada que se derrama.

 Sou a loba que ronda a noite deixando seu cheiro enquanto corro pelas planícies.

 Eu me abro inteira por prazer para que me satisfaçam, sou a cura quando me esvazio em horas necessitadas e flagelo um corpo no meu, em mim.

 Não fui criada para ser esquecida, marco feito ferrete, nas mentes dos homens trago o desejo, a insônia.

 Deixei a menina de lado com suas sapatilhas, andei descalça, depois coloquei meu salto, caminho nua pelas passagens, me descobrindo…

 Mulher!

Por TÔNIA LAVÍNIA

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