DESVENDANDO A FANTASIA – A Fantasia

DESVENDANDO A FANTASIA – A Fantasia

 Saudações, caros viajantes intrépidos!     

 Sejam todos muito bem-vindos à edição de estreia da nova coluna da Revista The Bard, “Desvendando a Fantasia”!

 Antes que eu, o Peregrino, que lhes mostrará o caminho nessa jornada, me estenda pavorosamente em minha fala e nos debrucemos com afinco na proposta, hei de me apresentar a vocês. Meu nome é Fábio Henrique Hingst Fabri, comumente elencado como “F. H. Hingst” em minhas obras e páginas digitais. Sou autor de sagas literárias de Fantasia Épica (O Ciclo Primevo) e Fantasia Sombria (Trilogia dos Indignos), contos do esquisito New Weird, romances de Ficção Histórica e, bem como, também flerto com elementos do horror cósmico e cenários punks retrofuturistas. Ainda que essas outras expressões incríveis da literatura imaginativa me apeteçam ou tragam um fulgor de curiosidade, minha morada eterna, inabalável e indiscutível é a da fantasia.

Crédito: Imagem de nonbirinonko por Pixabay

 É sábio que, ao invés de continuarmos a conversa sobre mim mesmo, partamos para a real prosa, a qual tanto anseiam em mergulhar até as profundezas mais abissais ou, caso preferirem, ascenderem às mais elevadas sumidades das nuvens: afinal, querido leitor, o que é a Fantasia? A fim de que possamos destrinchar essa riquíssima temática, nos atenhamos para o princípio de tudo, pois é na origem das palavras que tanto evocamos onde os segredos se escondem.

 “Fantasia”, diferente da concepção popular brasileira das “fantasias carnavalescas” ou das roupas pertencentes a tradições estrangeiras, como as do Halloween, é um termo oriundo do grego antigo (phántasía, ou phantástikos) e continuado até nós pelo termo em latim (phantasia), que significa “o produto do imaginário” ou o “fruto da criação”. Em diversos épicos helênicos e epopeias denota-se os primórdios da expressão na Deusa Nix, a personificação da própria noite, mãe de Hypnos, o deus dos sonhos que, por conseguinte, enamorou-se de Pasitea, a divindade representante da criatividade humana. Sendo assim, temos, como simples definição, que o fantástico é nada mais que o fruto da nossa fecunda imaginação, com seu deflagrar na mitologia e nas crenças populares de nossos antepassados. Contos de fadas, histórias da carochinha, fábulas e cantigas repetidas, através de gerações e gerações, contribuíram para criar, em nossas mentes, um universo magnífico secreto que, infelizmente, na maioria dos casos, terminam por despencar no esquecimento…

 Há, no entanto, aqueles poucos que mantém vívidas as chamas fantásticas dentro de suas almas. Dirijo a você um humilde convite, nobre dama ou cavalheiro, que lê esses escritos nesse exato segundo, diante de uma lareira, recostado no aconchego de seu lar, estirado sobre o conforto de seu divã, enrolado em cobertores quentes ou bebericando um raro vinho condimentado: que abandone, só por um momento fugaz, os augúrios da vida mundana e embarque, comigo, numa viagem através dos reinos, paragens e mundos deslumbrantes e, por vezes, perigosos, para que desvendemos a Fantasia.

Imagem de Mystic Art Design por Pixabay

 Agora que conhecem o que se imiscuía nas origens e vêm-se prontos, trajados em suas vestes reforçadas de viagem, com as mochilas cheias às costas e munidos do vigor da juventude, defronte ao destino incerto que trilharemos daqui para frente, podemos dar continuidade ao assunto. Ramas incontáveis brotaram, no longo decurso dos séculos, do caule maciço da frondosa árvore da Fantasia, tanto na esfera das artes teatrais, na dramaturgia, nas pinturas, nas esculturas, na música, na dança, na poesia e outras formas criativas. Porém, meu jovem, aqui, nesse espaço cedido à minha pena, nos limitaremos, apenas, à fantasia literária, minha área de especialidade no que se diz respeito à escrita.

 A tão conhecida e atual categoria da “ficção especulativa”, um ramo inventivo e abrangente da “ficção”, surgiu quando os escritores passaram a se desvencilhar da normalidade cotidiana e passaram a especular acerca de outras realidades paralelas à nossa, possibilidades que, antes, não passavam de impossibilidades. Três braços principais se esticaram dessa nova proposta: a ficção científica, ligada, no cerne, à ciência, genética, biologia molecular, energia, a lógica e aspectos tecnológicos idealizados; o terror e o horror, focados em tramas funestas e sinistras, trazendo o sobrenatural e o medo como pilastras centrais de suas histórias; e, por fim, a fantasia, intimamente pautada na existência de mundos imaginários repletos de magia, edificações que desafiam a física, criaturas quiméricas e cenários encontrados apenas nos mais extraordinários sonhos.

 Nesse fascinante gênero literário, podemos elencar uma miríade de subgêneros que, na maioria dos casos, acabam se mesclando em concepções híbridas, multifacetadas e com diversos elementos presentes a ornamentá-las, tornando desafiadora a tarefa de rotular uma história nos moldes tradicionais. Posto isto, como exemplificação, citemos algumas das faces mais comuns da Fantasia as quais vocês já se depararam em suas vidas e abordaremos em nossas reuniões nos mínimos detalhes.

As Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis – imagem divulgação

 Temos a afamada Baixa Fantasia, aquela mais próxima de nós, pois se passa em nosso planeta, a Terra. Por vezes também chamada de “Fantasia Intrusiva”, nesse segmento o elemento fantástico, que causa admiração ou assombro, invade o âmbito mundano de outra sorte de dimensão ou universo, como observamos na aclamada série das Crônicas de Nárnia, escrita por C. S. Lewis, na qual as personagens conseguem acessar o outro mundo através de um portal específico, o Guarda-roupas. Ou, também, esse outro ambiente pode estar escondido bem debaixo de nossos narizes, ocultados sob o manto caótico do dia a dia, como em Harry Potter, de J. K. Rowling, em que o mundo bruxo existe junto ao mundo “trouxa”, com barreiras mágicas a tapá-los de nossos olhos simplórios. A Fantasia Histórica, desenrolada em versões alternativas do nosso passado (como na série de videogames “Assassin’s Creed”), e a Fantasia Urbana, em que o mágico pulsa dentro das cidades movimentadas, modernas ou antigas (como em Percy Jackson e o Ladrão de Raios, Hellboy e o Exército Dourado e o Labirinto do Fauno) são crias posteriores da Baixa Fantasia.

O Senhor dos Anéis, de J. R R. Tolkien – imagem divulgação

 Em contraponto, vem a Fantasia Épica, a minha favorita e a qual optei por escrever no meu magnum opus ambicioso, a minha saga de nome “O Ciclo Primevo”, que lançarei no ano que vem, em 2023, com o livro de estreia sendo “A Ameaça Esquecida”, já lançada anteriormente por mim em 2021. A Fantasia Épica, ou “Alta Fantasia”, consiste numa história ambientada em outro universo ou mundo, totalmente distinto do nosso, reconstruído conforme a imaginação do autor, dotado de culturas, povos, raças linguagens e sistemas intrincados de magia. Representantes clássicos do gênero são a obra O Senhor dos Anéis, do glorificado escritor inglês J. R R. Tolkien; a ambiciosa As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, a qual baseou a série televisiva Game of Thrones, disponibilizada pela HBO; mais recentemente lançada pela Amazon Prime, a extensa saga da Roda do Tempo, por Robert Jordan, que consta com quatorze volumes e uma prequela; os poéticos livros de Patrick Rothfuss da Crônica do Matador do Rei; os trabalhos de Sarah J. Maas em Trono de Vidro e em suas outras histórias paralelas, como a Corte de Espinhos e Rosas; o polonês Andrezj Sapkowski e seu aclamado The Witcher; Christopher Paolini, com Eragon; Leigh Bardugo e seus grandes trabalhos, como Sombra e Ossos; Brandon Sanderson com Mistborn e Stormlight Archive, e muitos e muitos outros também podem tomar parte desse grande volume de conteúdo fantástico. No universo dos videogames, títulos como “The Elder Scrolls”, “Final Fantasy”, “Dragon Age” e “Elder Ring” são grandes expoentes.

 Já a Fantasia Sombria, minha segunda predileta, é o encontro brusco entre a fantasia e o terror/horror, carregando particularidade inerentes com temáticas mais lúgubres e funestas. A minha “Trilogia dos Indignos” é uma fantasia sombria, hostil, ambientada numa Idade Média decadente, tardia, em que a desesperança governa o destino de minhas desafortunadas personagens (cujo primeiro volume, “Homens Sórdidos”, publiquei neste ano de 2022, através da Editora Perensin, e está disponível em formato físico e digital). Nomes célebres podem surgir ligados ao imaginário temeroso, como H. P. Lovecraft, com os seus panteões aterrorizantes de entidades cósmicas muito além da compreensão; Stephen King, principalmente em sua saga da Torre Negra; Mark Lawrence e a Trilogia dos Espinhos; Joe Abercrombie com a genial A Primeira Lei; e, também, mais um montante descomunal de obras. Dark Souls, Hollow Knight, Sekiro e Bloodborne são exemplos de videogames nessa temática.

 Também é possível mencionar a Fantasia Científica, Fábulas, Contos de Fadas, Fantasias de Super-heróis, Realismo Fantástico, Fantasia Romântica, Fantasia Futurista, Fantasia Espacial (Ópera Espacial), Espada & Feitiçaria, Fantasia Chinesa/Wuxia, Fantasia Japonesa, Fantasia Judaica, Fantasia Cristã, Fantasia Distópica, Fantasia Paranormal, Fantasia Grimdark (um passo além da Fantasia Sombria/Dark Fantasy), Fantasia de Piratas, Fantasia de Portais, Fantasia Steampunk (ou Fantasias Punk no geral), Fantasia Arturiana (no caso, recriações do Conto de Arthur, como As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, e Crônicas de Artur, de Bernard Cronwell)…

 Para que eu não permaneça aqui por páginas e mais páginas apenas contando a vocês todos os subgêneros conhecidos da Fantasia, eu prefiro mostrá-los nessa nova coluna. Juntos, iremos explorar todas as maravilhas que rondam essa quase infinda torrente de conteúdos fantásticos. A cada edição da revista, eu trarei um subgênero para discutirmos e analisarmos com profundidade, a fim de que você possa descobrir cada vez mais sabores e frescores novos.

 Em conclusão, espero que tenham se interessado no tópico oferecido por mim, seu humilde Peregrino empoeirado, e que eu tenha despertado, em você a gana de poder conquistar e se transportar para outros universos, mundos, dimensões e realidades. Agradeço imensamente à equipe da Revista The Bard pela excelente oportunidade e confiança, prometo que darei o meu melhor para produzir escritos de qualidade excepcional! E, bem como, muito obrigado a você, caro leitor, por ter chegado até aqui, no final deste artigo.

 Com certeza, apanhamo-nos no início de algo grandioso.

 Pois me despeço, benquistos amigos e amigas!

 Desembainhem vossas espadas e preparem vossos escudos, as estradas são perigosas, é bem sabido por todos. Confiram, também, o conteúdo que produzo lá no Instagram e no TikTok, vão lá me dar um alô! E, claro, não percam o nosso encontro vindouro, pois conversaremos, para um início confortável, sobre a Baixa Fantasia.

 Um forte abraço e até a próxima!

Por FÁBIO H. HINGST

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