FÓRUM DO SONETO – Soneto: mensagem com poesia

FÓRUM DO SONETO – Soneto: mensagem com poesia

 Por que será que, em pleno século XXI, o soneto permanece vivo e tão cultuado?

 Esse questionamento nos faz chegar a uma evidência comprovada: a capacidade humana poética se aprimora à forma fixa, ao limite estabelecido, ao contrário do que muitos imaginam, instiga a inteligência, favorecendo um poder de criação antes não conhecido, devido à genialidade humana na criação poética. A convenção da forma restrita de compor poesia, pode, sobretudo, nutrir o prazer da invenção poética.

Por extensão, lembramos aos amigos leitores que nos artigos anteriores, registrados aqui na REVISTA THE BARD, há uma considerável informação, muito embora resumida, bastante densa, sobre o completo fazer-poético no soneto, as suas dificuldades e minúcias íntimas de elaboração, etc, etc…

A rigidez fundamental, estrutural, apenas básica a princípio, do soneto, transfere essa responsabilidade de criação ao poeta que, a cada criação, tem a missão – Honrosa missão! Uma verdadeira dádiva divina! – de encantar o mundo: dois quartetos e dois tercetos em esquemas fixos de rimas, por exemplo, ABBA/ABBA/CDC/DCD (esquema Petrarquiano), num esquema geral, severo, de compor essa modalidade poética, que passa um recado do grau de dificuldade (e quanto maior a dificuldade, maior o desafio e, consequentemente, maior a conquista).

 O conceito de poesia é vasto e tão infinito quanto sua realização. Digo isso porque antes do indivíduo ser um sonetista, deve, indispensavelmente, ser um poeta (aquele que realiza poesia com as palavras e que, por elas, passe uma mensagem que seduza o leitor). A linguagem poética pode ser atingida de inúmeras formas, com diversas facetas, e isso se deve ao atributo lírico individual, personalíssimo, do ser humano. Considerar Poesia com palavras, através da elaboração com versos, para alguns, é até relativo, pois o que pode ser poesia para uns, pode não ser para outros… e esse é o perigo para o qual alerto os sonetistas! Passear por essa relativização à vista de outros olhares que registram nossa criação é assinar um atestado de mediocridade (esse atributo ou nível humano na atuação da Arte, pode ser consciente ou inconsciente, que tende a ser desmascarado, revelado, na medida da sua evolução, mas dependendo, exclusivamente, de cada um, quanto ao tempo de permanência nesse estágio, sendo um fenômeno natural para uns e até motivador quando da sua descoberta, ou um fenômeno íntimo amargo, desagradável e até traumático ou revoltante, para – a maioria – outros. Na verdade, tudo depende da maturidade com a qual o artífice das letras lida com essa fase de conhecimento de si em relação à expressão artística que realiza.) nessa arte tão sublime, arte essa que convoca, invariavelmente, o poeta a superar-se e superar, ou atingir, a equivalência de expectativa de quem o lê… ora, pois… segurar o leitor até o final, exaurindo a leitura da sua criação, há de se considerar, é um grandioso feito na atualidade, uma verdadeira façanha.

 No soneto, o tema, sem muitos rodeios e com certa objetividade, é desenvolvido nos quartetos e, nos tercetos, há o desprendimento, isto é, a preparação para o encerramento e, logo, o fim, de modo a unificar numa mesma ideia a tríade “início, o meio e fim” com originalidade e, sempre, buscando dentro do seu melhor o ineditismo, uma surpresa com harmonia e lógica em relação ao que foi narrado, independentemente da posição da pessoa do narrador.

 O soneto não só precisa, como deve, impressionar não apenas pelos aspectos formais de sua estrutura, mas pela sua força compacta de passar a mensagem, levando o leitor a uma voluptuosa ilusão, a um encantamento, ou ainda, a uma explosão que o deixe sem palavras… o soneto tem que impactar o seu leitor quando este chega ao final da leitura!

 Independente do estilo do poeta, pois o estilo, sempre importante lembrar, é a força e a marca pessoal do talento que impressiona senão pela maneira como se diz, os catorze versos precisam estar interligados numa única ideia, ainda que com reviravoltas em sua temática, em seu mote, pois a imprevisibilidade do artista das letras, dentro do soneto, é o atributo mais valioso de sua criação, que faz com que sua marca seja gravada de forma inédita no mundo.

 Essa saudável ilusão de totalidade, essência literária, na história que se conta nos catorze versos, precisa estar numa unidade de tal maneira que as partes com todas as cenas e passagens, nesse curto espaço, estejam funcionando para criar uma imagem única, poderosa, que, por sua vez, levará o leitor a desenvolver e sentir uma única emoção – um êxtase muito seu e breve – advinda do impacto recebido pelo labor poético lido, penetrado…

 O sonetista deve trabalhar (de forma sábia: lógica e coerente) com as figuras de linguagem, que são um instrumento potente para a realização da linguagem poética e que muito colaboram para esse fim, com garantido sucesso.

 Espero, amigo leitor, fazer sentido, isto é, estar colaborando na sua vida, para uma renovada ou complementar noção de fazer sonetos ou mesmo de compreender melhor a finalidade artística da fazer poesia, ainda que de outras modalidades, na atualidade, pois a poesia é a expressão máxima do Belo e o Belo é o Bem… e o Bem, emanação de Deus, só faz Bem. AVANTE!

Por RICARDO CAMACHO
Idealizador, Fundador e Presidente do FÓRUM DO SONETO

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