FÓRUM DO SONETO – Soneto Petrarquiano e Soneto Camoniano

FÓRUM DO SONETO – Soneto Petrarquiano e Soneto Camoniano

Para a elucidação mais profunda e ampliada sobre o conhecimento da arte do soneto, neste artigo falaremos sobre as peculiaridades que distinguem dos tão falados SONETOS PETRARQUIANOS e SONETOS CAMONIANOS. De maneira objetiva e concisa, vamos lá!

O que seria um Soneto Petrarquiano (Francesco Petrarca: 1304 – 1374) senão a sua essência, autenticada por Petrarca, fixando um modelo de estrutura já consagrada, 14 versos com o esquema rímico ABBA/ABBA/CDC/DCD, além do conjunto de atributos de conteúdo e forma abaixo descritos:

 

Forma:

  • Autenticação da forma poética: uso do soneto:
  • Autenticação da Medida Nova no verso: uso de versos decassílabos (10 sílabas poéticas), principalmente nos sonetos – um traço da poesia clássica.
  • Sistema de Versificação: referências greco-latinas.

 

Conteúdo:

  • Aspecto teocêntrico;
  • Traços antropocêntricos;
  • Valorização da razão.
  • Idealização do amor e da mulher.
  • Caráter paradoxal.

E o que seria um Soneto Camoniano (Luiz Vaz de Camões: 1524 – 1580) senão o que informa a reunião dos seguintes atributos de forma e conteúdo (levando-se em conta que, a primeira edição de sua poesia lírica veio a público, somente, 15 anos depois de sua morte, em 1595, pelas mãos de Fernão Rodrigues Lobo Soropita, com o título de “Rimas”, ampliada com mais poemas em edições posteriores):

 

Forma:

  • Rigor: versos regulares (metrificação e rimas).
  • Medida nova: uso de versos decassílabos (10 sílabas poéticas), principalmente nos sonetos – um traço da poesia clássica.
  • Medida velha: uso de redondilhas (cinco ou sete sílabas poéticas) – uma característica remanescente do período medieval.

 

Conteúdo:

  • Antropocentrismo: valorização do ser humano e de sua racionalidade.
  • Idealização do amor: neoplatonismo, amor espiritualizado.
  • Valorização de elementos greco-latinos: mitologia, arte e poesia.
  • Figuras de linguagem: antítese e paradoxo.

 

Principais temáticas:

  • Desconcerto do mundo: desconfiança da realidade devido à falta de lógica nos acontecimentos.
  • Mudanças, efemeridade, transitoriedade: a natureza e o ser humano estão sujeitos a mudanças, não permanecem constantes.
  • Sofrimento amoroso: conflito entre o amor carnal e o espiritual.

Além disso, é de conhecimento notório que, tanto o Petrarquiano quanto o Camoniano usam, invariável e concomitante, os Ritmos Heroicos e Sáficos nos sonetos. Contudo, de lá até hoje, o Soneto mantém-se vivo e, em cada época, por diferentes regiões do mundo, foram cultuados, bem como legitimados, metros e ritmos variados na sua cristalização, tornando, cada uma dessas, por serem patenteadas, imortalizadas no tempo.

Vale lembrar, ainda, que, na história, além dos mais cultuados, Sonetos com 10 sílabas e os Alexandrinos, há os legítimos sonetos com 5 sílabas (versos pentassílabos ou Redondilha Menor e também chamados de Sonetilho), 6 sílabas (versos hexassílabos), 7 sílabas (versos heptassílabos ou Redondilha Maior), 8 sílabas (versos octossílabos), 9 sílabas (versos eneassílabos), 11 sílabas (versos hendecassílabos) e de 12 sílabas (versos dodecassílabos que, também, são a estrutura do Soneto Alexandrino), além dos versos com 13 sílabas em diante (versos bárbaros).

Os Versos Decassílabos, em suma, possuem patenteados os seguintes ritmos:

  • Heroico (tônicas na 2ª, 6ª, 10ª e variações com a tônica incondicional na sexta sílaba);
  • Sáfico (4ª, 8ª e 10ª e 2ª, 4ª, 8ª e 10ª);
  • Gaita Galega ou Moinheira ou Provençal (4ª, 7ª e 10ª);
  • Martelo Agalopado (3ª, 6ª e 10ª – ritmo este que é uma variação do Heroico);
  • Pentâmetro Iâmbico (5 pares de Iâmbo “- +”: 2ª, 4ª, 6ª, 8ª e 10ª);
  • Ibérico ou Estoico ou Arte Maior (2ª, 5ª com cesura branda ou perfeita, 7ª e 10ª); e o informal;
  • Sáfico Imperfeito (4ª e 10ª).

Avante!

Por RICARDO CAMACHO

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