Pernoite. A insônia sinto, branda e escura,
Velar-me a face, as mãos e o corpo lasso…
Chega a fobia e, então, estaco o passo,
Ouvindo a morte ao som da lira pura!
Resisto, só, fitando na moldura
A imagem, Cristo olhando o meu cansaço,
O Santo Olhar exerce o Santo Abraço
Volvendo em paz a minha desventura!
Assim, no leito, a velha vida finda
E as novas horas que hão de vir ainda
Em célebres instantes de um adeus
Serão os êxtases de glória infinda,
Concomitante à luz da lua linda
E o círio aceso feito as mãos de Deus!
Por RICARDO CAMACHO
Rio de Janeiro/RJ