MATÉRIA DE CAPA – Para além da Arquitetura

MATÉRIA DE CAPA – Para além da Arquitetura

 Estudando o termo: “Arquitetura“, curiosamente é possível descobrir que etimologicamente ela deriva da palavra grega: “Arché“ e “tékton“ que significam respectivamente “primeiro“ e “construção“.

 A palavra Arquitetura quando usada serviu para denominar a primeira construção que precisou da intervenção do ser humano e do meio ambiente para passar a existir, e assim pôde satisfazer as necessidades do homem de seu tempo de forma a criar novos espaços com elementos estéticos em sua composição. A Arquitetura é vista e caracterizada desde os primórdios como uma forma de arte visual com intenção de construir proteção para a sociedade em um ambiente determinado por meio de um planejamento prévio.

 Para início de conversa, é preciso entender que todas as coisas existentes no mundo, primeiramente, surgiram de uma ideia prévia ou a criação imaginária para a evolução de algo maior e concreto externamente de quem arquitetou. Seria o mundo interno de alguém projetado no externo para os outros.

 Assim sendo, o significado da arquitetura passa pelo planejar, organizar, ilustrar, pensar para depois realizar. E no dia a dia na vida humana não é diferente, a mesma regra deve ser reproduzida. Esse pensar carrega em si a experiência de quem planejou e o conhecimento de quem detém. Assim, para cada artista uma arquitetura singular e diferenciada, pois cada um carrega dentro de si experiências e ideias diferentes umas das outras.

 Esse processo descrito anteriormente ocorreu e ocorre de forma natural a todo momento. Basta que seja observado em volta de nós e em nossa vida. O planejamento ou a arquitetura de algo dentro de alguém, passa a ser a realização de obras fora, e a concretude do que antes havia só no pensamento se torna real para todos. Aqui, não existe o improviso ou o acaso tudo é minimamente arquitetado. O que for bom dentro, projetado no espaço surge a concretização da imagem boa fora. A obra é o reflexo de seu criador na sua essência. E se for algo ruim ficará exposto como a angústia do oprimido autor.

 Nos primórdios o entendimento sobre Arquitetura focava na criação de abrigos, casas e edifícios de acordo com a necessidade e sobrevivência de cada época da história. A ideia é a apropriação de espaços pelo homem diante do mundo. Esta arte de construir foi se modificando ao longo do tempo, com base nas matérias primas disponíveis para cada período, se adaptando ao relevo, clima e local. De uma dada cidade para a outra, na antiguidade, estava sempre relacionada com as peculiaridades das culturas locais, seus povos e aquelas esculturas eternizadas no ambiente, fazendo assim referência a monumentos funerários, templos, teatros e palácios. Ressalvando a importância dos familiares, a exaltação de seus deuses, a supremacia dos reis ou a simples satisfação de se fazer arte. As arquiteturas feitas condiziam com os pensamentos da sociedade formada daquela época antiga. Hoje, ideias novas, cenários peculiares geram obras que contemplem necessidades divergentes das de antigamente.

 Já na atualidade o planejamento ou a visão previa de um projeto arquitetado, deve ser feito seguindo uma série de regulamentações que jamais devem ser negligenciadas para a melhor segurança de todos. Tudo passa a ser mais sofisticado e com o aumento das exigências que beira a segurança plena. A Arquitetura de hoje necessita ser normalizada. Apesar das determinações tão rígidas, também chamado “partido“, muitos insistem em não seguir, sofrendo as consequências dos riscos ocorridos.

 Por traz do “partido“, que diz respeito a formalização de uma série de regras que apontem para as condições necessárias para serem seguidas diante de qualquer produção arquitetônica desejada na sociedade, existe, pois, a essência humana que torna a obra bela por sua natureza e grandeza.

 Essas técnicas construtivas baseiam-se nos recursos materiais e humanos a serem utilizados durante a concretização do que está primeiramente no papel e no planejamento anterior a sua concretude. Todos os riscos e ousadias devem ser viabilizadas neste momento. Na existência do desejo de realização de algo bem sofisticado deve se medir o preço a se pagar por cada uma delas. Uma vez que tudo foi anteriormente avaliado e estudado, a chance de erros durante a execução das condições físicas e topológicas serão legais dentro das regras de convivência estabelecida em dada sociedade. Durante o processo de planejamento é possível mudar o que não se enquadrou ou acrescentar algo que não havia sido pensando antes.

 Dentre os elementos fundamentais que irão compor uma obra de arquitetura estão: os alicerces e as estruturas. O primeiro trata-se do formato por grandes pilares cravados no solo e sobre os quais um edifício se apoia. Já no segundo caso, trata-se de uma espécie de esqueleto da obra, com seus alicerces, paredes, janelas, tetos, entre outros elementos de composição.

 Trazendo a ideia da arquitetura para a vida humana, tudo parece ser igual com algumas adaptações. Antes da concretização de um desejo é preciso planejar, arquitetar, avaliar as condições, clima, terrenos, espaços e só posteriormente, após uma imagem que migrou da mente para o papel é possível trazer para a realidade a concretização daquilo que se desejou anteriormente. Muitos não sabem disso de forma consciente e por muitas vezes ficam apenas com seus sonhos e desejos em suas mentes e ao menos rascunham em um papel suas reais necessidades. Esse pode ser um dos motivos pelo qual muitas pessoas têm grandes angústias e frustrações ao longo da vida, pois o simples fato de se desejar algo e não o realizar, ou mesmo por fazer parte dos sonhos alheios sem rascunhar ao menos os seus, os tornam incompetentes no planejamento da sua própria vida. O sujeito com falta de força para avançar em seus projetos é um arquiteto que não construiu a obra e por isso, deixará de receber o seu salário no final do mês e fora que será cobrado pelo serviço que não fez. Todos que sabem disso ou mesmo aqueles que não sabem, mas vivem infelizes certamente tem algum projeto inacabado dentro de seus corações. É preciso a forca e a coragem para colocar em prática a obra que permeou antes os pensamentos, mesmo que seja preciso ir ajustando os pensamentos ao longo do processo e adaptando a ótica do planejamento para melhor uso dele na solidificação de algo que seja de fato concretizado.

 A partir daqui é com você!

 Deverá ser o Arquiteto da sua vida!

 Faça o que for preciso para imaginar o que se deseja como meta, e para uma vida mais realizada, ouse sonhar e aproveite para utilizar a lógica arquitetônica do bem planejar e coloque seu sonho em ação. E sim. Realize-o mesmo que antes tenha que modificar todo o projeto original. Seja e faça o projeto da sua vida e não se limite a ser mero espectador ou participante do projeto da vida do outro ou dos outros.

 Somos capazes de não só projetar, mas também arquitetar tudo que quisermos. Tire de dentro e mire fora. Assim foi antes, assim é hoje e assim será no futuro. Um ser sem projetos ou boas obras não deve ser o que prevalecerá na sua vida. E sim, a imagem de um arquiteto consciente e realizador de sonhos e que pleno poderá deixar um legado de boas obras para o mundo a ser habitado por futuras gerações, é o que se deseja.

Por RAIANA COSTA

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