HISTÓRIA DAS ARTES – Folclore

HISTÓRIA DAS ARTES – Folclore

Folclore penso eu, é identidade, cria vínculos e é a base para conhecermos nossas origens. Ao iniciar esse artigo me veio vários questionamentos a respeito da importância das tradições e o quanto elas têm sido (não vou ser fatalista, acredito que não são perdidas) substituídas, desvalorizadas, desacreditadas pelas gerações instantâneas (famosa geração líquida). Decidir te instigar também a se questionar e pesquisar a respeito de tradições não mais vividas no meio de nós e acredito que você que agora está lendo irá igual a mim, ter lindas lembranças de grandes manifestações folclóricas vistas e vividas por você e foram deixadas para trás e poderá até ler aqui ou pesquisar a origem de algumas.

Sou da geração da batata-doce e da abóbora assada nas fogueiras, dos terços com café com bolo, do medo da cobra que mora debaixo da igreja matriz e quando se pergunta se alguém ainda faz ou vive algumas, dessas coisas, lhe respondem com um: o que é isso? Pois, é, mas além da definição usual de Folclore que conhecemos de livros e sites da internet, quando te questionam a respeito do tema o que te vem à memória? Sabemos que folclore se constitui num conjunto de mitos, crenças, histórias populares, lendas, tradições e costumes que são transmitidos de geração em geração e integram a cultura popular. As manifestações folclóricas ajudam a ler a história e caracterizam a cultura de um povo.

No entanto, quando penso em folclore logo me vem à imagem a minha mente das bandeirinhas coloridas, agito das festas juninas do Maranhão, do nordeste na sua totalidade onde as manifestações folclóricas se mantém vivas, do beiju com coco babaçu e tantas comidas típicas. Festas e danças tradicionais como bumba meu boi, cacuriá, tambor de crioula entre outras são revividas pelo povo durante um mês inteiro, nos meses de junho e julho o cenário de capitais e interiores se transformam. Lembrando que se faz também uma grande fonte de renda para municípios e para autônomos. Não poderia iniciar esse artigo de outra maneira que não fosse citando o folclore tão rico do estado que habito, onde as festas Juninas figuram entre as maiores do Brasil.

O folclore maranhense é rico, com notória influência portuguesa nos costumes, na língua e nos hábitos; do elemento negro nas danças, folguedos, culinária, música e repiques dos tambores; do índio, no balanço da rede, banho diário, mitos e simplicidade. A partir meio de junho, São Luís, a capital, tem sua rotina alterada devido aos vários arraiais espalhados, oferecendo apresentações gratuitas e quitutes típicos nas barraquinhas. O Arraial da Praça Maria Aragão é um dos destaques. Não diferente do restante do Brasil, que se compõe um conjunto de expressões culturais populares que englobam aspectos da identidade nacional: diversificado e conta com atributos das culturas, portuguesa, africana e indígena. É a junção de lendas, contos, mitos e histórias sobre criaturas e seres fantásticos que habitam o imaginário dos povos tradicionais de diversas regiões do país. Apesar dessa riqueza, o folclore só começa a figurar nas narrativas oficiais a partir do século XIX. Com Mário de Andrade e a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), o folclore ganha um aspecto mais acadêmico.

Imagem de Luanymalu por Pinterest – Bumba meu boi

 

Os cinco cantos do Brasil guardam muitos mistérios. Um país tão diversificado na cultura, com influências negras, indígenas e portuguesas por toda a parte, só poderia criar lendas e mitos riquíssimos. Vamos conhecer um pouco mais do folclore de cada região brasileira? Iniciemos pela região norte, citaremos apenas algumas lendas.

 

Região Norte

 

A lenda do Boitatá fala de uma cobra gigante que vivia em repouso no tronco de uma árvore da floresta. Conta a Lenda do Boto que ele vive nos rios da Amazônia, sai nas primeiras horas da noite e se transforma num lindo jovem vestido com roupas brancas. Já a lenda do Curupira diz que ele é uma entidade que protege a fauna e a flora da floresta. É conhecido por ter os pés voltados para trás. Temos também a lenda da Iara, uma sereia que atrai os homens com seu canto mágico. Ela leva as pessoas para o fundo do rio. Os homens sempre são atraídos pela beleza de Iara.

Imagem de Google – Boto rosa

 

E por último temos a lenda da vitória regia. Lenda indígena e amazônica, ela é originalmente uma índia que se afogou após se inclinar no rio para tentar tocar o reflexo da Lua. Para os índios, a Lua era Jaci, deusa da Lua na mitologia tupi, que transformava as índias que escolhia em estrelas.

 

Região Nordestina

 

Iniciemos pelas danças: temos o frevo: dança e música do carnaval em Recife, de ritmo agitado e impetuoso. A sombrinha usada pelos pernambucanos durante o frevo era usada pelos escravos, que utilizavam bengalas de madeira, para atacar, se defender.

A capoeira é um misto de dança e luta, tudo leva a crer que tenha sido criada e desenvolvida no Brasil pelos escravos e seus descendentes, como meio de defesa, com base em tradições africanas, pois as referências populares e de estudiosos sempre mencionam as capoeiras de Angola e Regional.

Imagem de rio.com por Pinterest – Capoeira

 

Religião-Candomblé: Esta já é uma tradição na Bahia, em homenagem ao deus Oxalá que, no sincretismo, representa Jesus Cristo. No início da colonização, os rituais do candomblé eram praticados nas próprias senzalas e nos terreiros das fazendas, onde trabalhavam os escravos africanos e seus descendentes.

Festas — Festa de Iemanjá: Dia 2 de fevereiro é dia de festa na terra e no mar para reverenciar Iemanjá. A deusa dos oceanos é homenageada todos os anos pelos baianos e turistas que lotam as ruas e praias do Rio Vermelho.

Literatura-Literatura de Cordel: É um gênero derivado do romanceiro europeu que se desenvolve desde o tempo de Carlos Magno. O nome “Cordel” vem dos varais improvisados com cordinhas para pendurar os folhetos com versos que relatam acontecimentos dramáticos do cotidiano da história política, ou reproduzem lendas e histórias. Os folhetos são impressos em papel barato e ilustrados com xilogravuras e encontrados principalmente no Nordeste e nas cidades para onde houve grande migração de nordestinos.

Tradições-Reisado: Autopopular profano-religioso, formado por grupos de músicos, cantores e dançadores, que vão de porta em porta, no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro, anunciar a chegada do Messias, homenagear os três Reis Magos e fazer louvações aos donos das casas onde dançam. Sua principal característica é a farsa do boi que constitui um dos entremeios ou entremeses, onde ele dança, brinca, é morto e ressuscitado.

 

Região sul

 

A tradicional Oktoberfest de origem germânica é comemorada no Brasil principalmente nas cidades de Blumenau (SC), Santa Cruz do Sul (RS) e Santa Rosa (RS). Nas festanças, existem festivais de cerveja, shows, desfiles, gastronomia variada e ainda danças típicas.

Imagem de Google – Oktoberfest

 

Tem também a festa da Uva que representa a colonização italiana. As comemorações são realizadas no mês de fevereiro e contam com exposições de uvas e vinhos, além de desfiles e espetáculos. Na festa de Nossa Senhora dos Navegantes que é realizada no Rio Grande do Sul, tradicionalmente existe uma procissão na qual a imagem é levada ao santuário.

Danças — A Dança das Fitas é uma das principais da Região Sul e consiste em um mastro de aproximadamente três metros que possui várias fitas atreladas. Na coreografia, os dançarinos giram em torno do objeto segurando as fitas. Já a Chimarrita, outra dança típica da região, possui um ritmo animado e os dançarinos seguem em

pares. Por fim, a Chula, que consiste em uma dança masculina em que os participantes dançam em torno de um bastão de madeira.

Lendas — A Região Sul possui lendas que passam de geração a geração. Essas estórias são muito populares e algumas se tornaram conhecidas até mesmo em outras regiões. Como o Saci Pererê é um dos personagens do folclore brasileiro mais conhecidos. Poucos sabem, mas a lenda do menino negro, sem uma perna e trapalhão, surgiu entre os povos indígenas da Região Sul do Brasil. Também a do Negrinho do Pastoreio — lenda criada no Rio Grande do Sul, quando se finalizava o século XIX.

 

Região sudeste

 

A Região Sudeste possui diversas festas que caracterizam o local. Uma das mais conhecidas é o Carnaval, que conta com grandes desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Dentre outras festividades da região estão a Festas Juninas, a Folia de Reis, a Festa do Espírito Santo e o rodeio. Vale destacar que algumas festas da região, como o Carnaval e a Festa Junina, apesar de serem típicas do local, são festejadas em praticamente todo o país.

Imagem de Brazilecotour por Pinterest – Carnaval

 

Danças — Entre as danças da Região Sudeste, podemos citar a cana-verde, a quadrilha e o fandango.

Lendas — Existem lendas da Região Sudeste que são comuns em todo o país, assim como outras que são de caráter mais regional, como a lenda de Chico Rei e O cavalo invisível. Segundo a lenda do Chico Rei, ele era o rei de uma tribo no Congo, mas foi trazido para ser escravizado no Brasil. Conseguiu comprar sua alforria com o seu trabalho e se tornou “rei” na cidade de Outro Preto (MG).

Já na lenda do Cavalo Invisível, diz que o mesmo passa tarde da noite em janelas de pessoas descrentes, que não seguem as tradições da ressurreição e vitória de Cristo.

 

Região Centro-Oeste

 

A Cavalhada é uma das festas mais conhecidas da região. Com a duração de três dias, conta com a encenação de uma batalha medieval realizada ao ar livre. Um grupo de cavalheiros veste azul, representando os cristãos, enquanto o outro veste vermelho, representando os Mouros. O Fogaréu é realizado na Cidade de Goiás e se trata de uma procissão que encena a prisão de Jesus. O evento é realizado na Semana Santa.

 

Danças — Algumas danças principais marcam presença, como a siriri e o cururu. A siriri é dançada por homens e mulheres. De cunho religioso, é coreografada ao som do ganzá do mocho e da viola de cocho (instrumento reconhecido como Patrimônio Nacional da região). Já o cururu é dançado exclusivamente por homens. Também de cunho religioso, encontra-se principalmente nas Festas do Divino Pai Eterno. Nos eventos, as danças são realizadas ao som da viola de mocho, reco-reco e ganzá.

Lendas — Dentre as principais lendas da Região Centro-Oeste, pode-se citar a do Romãozinho, Pé de garrafa e da Mãe do Ouro. Segundo a lenda, o Romãozinho é um garoto que maltrata os animais, destrói as plantas e assusta as pessoas. O Pé de Garrafa é um ser que possui o corpo repleto de pelos e tem o pé na forma de uma garrafa. Segundo a lenda, só consegue combatê-lo quem atingir o umbigo da criatura. E por último A Mãe do Ouro é um ser que vive nas minas de ouro no coração do sertão brasileiro. Segundo a lenda, ela protege as jazidas de metal e os tesouros, para que não sejam encontrados por pessoas erradas.

Divulgar as tradições, costumes, festas e ritos populares é fundamental, por significar o valioso patrimônio das diferentes culturas que existem e existiram no mundo. Com isso enriquecemos nosso conhecimento cultural e maximizamos nossa visão global. Devemos aprender a venerar o que é nosso sem subestimar o que é dos outros. Assim asseguramos a perpetuação das tradições culturais que revelam nossa identidade.

Abraços na alma!

Por BETÂNIA PEREIRA

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