MATÉRIA DE CAPA – História da Fotografia

MATÉRIA DE CAPA – História da Fotografia

Escrita pela luz

 A história da fotografia etimologicamente falando passa pelo ato de escrever ou gravar uma imagem com a ajuda da luz. Estudar as imagens produzidas pela exposição de um material fotossensível é o que fascina cada vez mais aqueles que buscam explicações para além do olhar. A sensibilidade, fator predominante, deverá explicar boa parte do processo da captação e retenção de imagens e momentos que passam a ser eternizados por este complexo mecanismo de transcrição e até mesmo preenchimento de um simples papel, placa de vidro, metal ou gelatina que em segundos muda com a rapidez das circunstâncias.

 Celebrado no dia 19 de agosto, o dia da fotografia, marcou também o daguerreotipo da apresentação de seu invento, datado pelo início da divulgação da fotografia pelo mundo e diante da Academia de Ciências da Franca em 1839. Em seguida, o invento acabou sendo considerado pelo Estado francês como um bem de domínio público por tamanha importância e magnitude.

 Os avanços tecnológicos e civilizatórios puderam contribuir de certa forma para novas maneiras de imortalização dos momentos, sorrisos, pessoas, festas e fases. Para que sejam cada vez mais fidedignas as captações dessas circunstâncias, com registro oficial das primeiras experiências fotográficas de químicos e alquimistas, iniciados cerca de 350 a.C. Todavia somente em meados do século X foi que realmente o árabe Alhaken de Basora percebeu a natureza das imagens de serem projetadas no interior de sua tenda trespassada pela luz solar, surgindo o mecanismo do que hoje conhecemos como máquina fotográfica.

 Entender o processo histórico da fotografia vai muito além de entender como tudo começou, se desenvolveu, se fixou e continua em plena evolução. Interessante é perceber ainda que a utilização e suprimento das necessidades humanas envolvidas nessa criação e muito mais a popularização do ato de fotografar passou a causar nas pessoas a necessidade de evoluir de igual modo acompanhando a descoberta de tal feito. Isso vale tanto para a antiguidade, quanto para a contemporaneidade.

 A dualidade passa também a acompanhar e prevalecer na trajetória dessa invenção, pois para se fazer a luz, primeiro existiu a escuridão. A técnica de escurecimento dos sais de prata que dominava em 1525, determinou que alguns compostos de prata oxidavam quando exposto à luz do sol, descoberta feita pelo químico italiano Ângelo Sala (1576-1637). A busca sempre foi por tornar durável numa superfície as tais imagens. Mas apenas em 1725, o cientista alemão Johann Henrich Schulze consegue tal façanha. Leonardo da Vinci, datado do século XVI, usufruiu da técnica da chamada câmara escura para fazer de igual modo suas pinturas.

 Muitos foram os pioneiros na pesquisa rumo a fixação de uma imagem no papel. Fazer um retrato ou tirar uma foto virou um sucesso em todas as classes sociais na segunda metade do século XIX. A ideia era tão brilhante que na atualidade tudo parece ser igual ao que já passou. O fascínio pelo registro do momento não seria assim tão precioso ou valioso se não houvesse uma fotografia para registrar. Tirando os aparelhos que se sofisticaram com fácil acesso para divulgação do seu conteúdo em redes sociais e quiçá popularizando ainda mais a todos aqueles que com maior destreza no manuseio dessas fotos pudessem desfrutar, o surgimento da fotografia foi, é e será o grande barato por trás da ausência da sensibilidade humana em viver o momento presente sem a ansiedade pelo futuro ou a angústia vivida no passado.

 O desenho com luz e contraste fascina e sobrevive ao longo dos anos. A fotografia provou ser um dos maiores e mais importantes inventos da história, dando um novo meio de recordação aos acontecimentos da vida humana. Mais do que isso, a fotografia demonstrou e demonstra cada vez mais ser uma fonte fidedigna e aliada no processo de desenvolvimento do homem em sociedade.

Por isso, conhecer a história da fotografia é tão importante para que se entenda também sobre a criação das imagens quando proporcionam tanto a evolução, quanto a globalização que vai de uma simples logomarca até o avanço de uma superprodução de cinema.

 Se nos dias atuais é possível ter disponível aparatos para tirar foto com perfeição, no passado nota-se não ter sido tão fácil assim fazer uma bela fotografia. A produção de imagens a partir de um pequeno buraco está servindo para humanidade desde antes de haver a percepção de que ela era de fato importante.

 Assim, retratando sobre o surgimento da câmera fotográfica é provável que a parte mais predominante historicamente falando do que vem a ser a fotografia moderna, foi possível de se notar antes mesmo da construção da primeira câmera nos moldes semelhantes ao que é possível conhecer. Seu protótipo inicial já havia sido inventado por volta do século X, com o físico e matemático Alhazen que relatou um método de observação dos eclipses solares por intermédio da utilização da já falada câmara escura, que nada mais é do que uma caixa, um quarto ou algo totalmente fechado, com a existência de um pequeno furo por onde a iluminação de um objeto, como uma vela por exemplo, passaria por ali a sua imagem com reprodução contrária, tudo isso dentro de um recipiente ou local determinado.

 Para essa explicação, teria a imagem sido registrada utilizando a câmara escura se de fato fosse adicionado um filme ou papel fotográfico no qual estaria formada. Dessa maneira, só em 1558 quando napolitano Giovanni Battista dela Porta utilizou e oficializou tal invenção teria sido a primeira vez que a câmara escura seria responsável pela primeira fotografia fixa comprovadamente.

 É possível observar, pelos relatos, que existiram diversos nomes envolvidos no surgimento fotográfico, no entanto, houve um nome de destaque, especialmente por ter sido o responsável por oficializar de fato a primeira fotografia e estagnar pela primeira vez uma imagem produzida pela ação da luz. Esta pessoa teria sido Joseph Nicephore Niépce, considerado o pai da fotografia, que após diversas experiências, conseguiu finalmente no sótão de sua casa, na Franca, em 1793 obter uma fotografia permanente e registrar diversas imagens apesar de em pouco tempo a própria luz tê-las deteriorado.

 A tradução fotográfica passa pelo ato de desenhar com a luz e contraste uma imagem inalterável que é produzida pela ação direta dessa mesma luz. Assim, muitos foram aqueles que tentaram desenhar essa imagem com a luz. Evoluindo mais um pouco, houve então a necessidade de se eternizar essa mesma imagem em objeto fixo que não se deteriorasse com o tempo.

 Caminhando mais um pouco seria possível suprir tal necessidade, após é claro o falecimento em 1833 de Niépce que acabou por deixar a sua obra aos cuidados de Louis Jacques Mandé Daguerre, nascido na Franca em 1787, sendo responsável por melhorá-la e por muitos acabou sendo considerado como sendo o segundo pai da fotografia por dar continuidade a tal invenção.

 Danguerre, nessa nova etapa, teve a ideia de levar a fotografia para mais pessoas. Sua intenção era que independentemente do nível intelectual, qualquer pessoa pudesse utilizar os mecanismos de uma fotografia. Uma visão acima de seu tempo, uma vez que qualquer cidadão pudesse capturar momentos para que eles viessem a durar para sempre. E assim a máquina fotográfica pôde ser comercializada pela primeira vez. Esse seria o marco inicial da era atual da fotografia.

 As maiores características da criação de Daguerre foi a riqueza de detalhes e a aparência tridimensional de suas imagens. De lá para cá foram quase dez anos para a fotografia digital ganhar espaço no mercado e assim ser possível, graças à facilidade de armazenamento e o baixo custo para visualizar as fotografias, popularizar um possível instrumento que reproduzisse as imagens em tempo real.

 Teoricamente é importante saber sobre esses detalhes, pois para que a fotografia digital atual pudesse funcionar, era preciso haver novamente a sensibilização de um sensor eletrônico que transformasse a luz captada em um código eletrônico digital. Muito trabalho e o desenvolvimento foi feito para que essas explicações incríveis e fenômenos vividos pela sociedade remetesse e repetisse de forma processual, tornando ainda mais interessante a compreensão e a vivência de cada uma dessas etapas. É por isso que se diz indiretamente e diretamente que a presença da fotografia está em todos os lugares e a sociedade atual depende totalmente dela. Mais do que isso, a foto deixou de ser apenas uma arte e passou a ser um meio de comunicação pela sua magnitude e importância. Desde de sua criação a fotografia mudou muito. Todavia há algo que jamais irá se alterar: a fotografia continua sendo um jogo de luz e de sensibilidade que se clareia para todo mundo o tempo todo, como forma de despertar para além do olhar.

 Numa sociedade imagética, onde tudo depende da imagem, tirar a primeira foto e transformá-la em uma amostra difundida para o mundo todo, de fato causaria muita admiração e felicidade. Aqui, cabe então reforçar que a fotografia vai muito além do que se pode ver e imaginar pois, “uma imagem vale e continua a valer mais do que mil palavras“.

Por RAIANA COSTA

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