MOMENTO RESENHA – A Redoma de Vidro

MOMENTO RESENHA – A Redoma de Vidro

RESENHA LIVRO CLÁSSICO

 

A Redoma de Vidro

 

A Redoma de Vidro foi a última obra de Slyvia Plath, publicada semanas antes de seu suicídio. Sim, pesado. O texto aqui será denso. Primeiramente, muitas perguntas permeiam a narrativa como: o que é ser mulher? O que é a depressão? O que é ser uma mulher com depressão? E… mais impactante ainda: o que é ser uma mulher com depressão na metade do século XX, tempo no qual quase tudo relacionado ao feminino se destinava a casar e ter filhos? Esther, protagonista do livro, não queria nada disso, aliás, sequer ela sabia ao certo seus anseios, apenas questionava tudo e refletia o porquê de sua existência. Ao longo da trama, percebe-se que Esther é o alter ego de Slyvia Plath e que se trata de uma escrita semibiográfica.

Lendo suas palavras é possível entrar na mente de um portador do transtorno. Se, ainda hoje, a depressão é quase uma incógnita na medicina, imagina então naqueles tempos… era simplesmente dada como louca e o tratamento era choque dentro do hospício, e isso consequentemente agravava o quadro clínico: histeria se chamava.

Eu chorei, quis acolher Esther, acalentar Slyvia, encontrar uma solução, tirá-la daquela época miserável em que tudo se resumia a uma diarreia de regras e tabus. É possível perceber também a influência da cultura da misoginia, que infelizmente perpetua até hoje, e o quanto ela é capaz de matar uma mulher por dentro e induzir à situações seríssimas de transtornos psicológicos.

Esther se sufocava em sua aura pesada e triste, queria deitar com homens sem a necessidade de compromisso, queria um amante e nada mais, queria se livrar dessa obrigação de matrimônio, queria ser poeta, ansiava, a todo instante, livrar-se da redoma de vidro. Claramente perceptível que Slyvia Path também estava aprisionada em uma redoma de vidro e, para se libertar desse sufoco, a autora optou pelo auto-extermínio. Ninguém tem a garantia do que ocorre ou não após a morte, independente de suas crenças ou não crenças… sem julgamentos, sem hipocrisia. A depressão é um assunto sério, pessoas nessas condições precisam de acolhimento e não ódio. Nunca acreditem em papos como: “Na minha época isso ou aquilo não existia.”

Por Sarah Schmorantz

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