Acho que eu perdi meu medo de mar… Perdi meu medo de me afogar, de arder o olho com água salgada, de enroscar o pé em alga marinha, de sangrar com ouriço do mar.
Perdi o medo de dividir água com peixes, de não enxergar o fundo pra pisar. Acho que perdi o meu medo de mar… Perdi o medo da água gelada, de boiar à deriva, de queimar o rosto no sol, de se sentir pequena na imensidão azul.
Pode até soar dissociação, mas não, não é, não. Eu ainda sinto o arrepio na nuca. Eu ainda sinto a água gelada. Ainda sei que posso sangrar e salgar a ferida, mas eu não posso evitar entrar na água por medo. A dor dói de todo jeito, a gente deixando ou não.
A gente em terra firme ou no meio do Oceano e, às vezes, é gelado; às vezes, o sol queima muito; às vezes, o vento tá mais forte; às vezes, é escuro e solitário, só que o sol sempre volta a nascer, e você respira e cria coragem para nadar mais uma vez.
É… acho que perdi o meu medo de (A)mar.
Por TAMY SIMÕES
