PROSA POÉTICA – Cortina de Fumaça por Rita Queiroz

PROSA POÉTICA – Cortina de Fumaça por Rita Queiroz

 Aconteceu… ela não esperava.

 Era a primeira vez que estava naquele ambiente, com aquelas pessoas. Conhecia algumas. Não fora apresentada a cada uma delas, apenas anunciada como: a professora.

 A alma ainda estava doída por conta da separação daquele a quem ela acreditava ser o homem de sua vida. Aquele por quem se apaixonara aos 15 anos, mas só concretizara esse amor adolescente na fase adulta. Não teve olhos, naquela festa, para ninguém especificamente. Embora houvesse nebulosidade interior, estava amando estar ali, vivendo aquela noite poética.

 Sempre foi uma pessoa elétrica, se envolvendo com várias coisas ao mesmo tempo, o que voltou a fazer desenfreadamente. Exercícios físicos e esportes sempre a atraíram. Além de participar dos eventos científicos da área em que atua. Uma rotina envolvendo o físico e o intelecto.

 Estava eufórica com o novo rebento que chegaria em breve.

 De repente… o joelho a tirou do chão. A levou a pisar no freio, muito contra a sua vontade. Não poderia mais correr como estava fazendo. Mesmo assim, continuava elétrica. Lecionando, escrevendo, viajando, sonhando…

 Estava também envolvida nos diversos grupos de whatsapp e no facebook. Ele não, embora fizesse parte de um mesmo grupo que ela, raramente aparecia.

 Naquela noite poética, conheceu várias pessoas que, aos poucos, foram sendo adicionadas ao facebook, mas os contatos eram esporádicos.

 A vida seguia, com alguns dissabores no ambiente de trabalho, e o vazio deixado por aquela ausência que ainda se fazia forte.

 De repente… uma festa. Ela estava fazendo várias fotos com os amigos que encontrou. Em um desses momentos, lá estava ele, sorrindo ao vê-la. Era a segunda vez que se viam, ao longo de alguns meses. Ela não o viu durante a noite, estava tão envolvida com a música, a dança, que nem lembrou que ele estava ali.

 Aconteceu… ela estava indo embora com as amigas, ele se aproximou e disse-lhe palavras que tocam o coração e massageiam a alma. Ela ficou perplexa! Seguiu… De repente… suspiros, delírios, arrepios. Visitas frequentes ao grupo de whatsapp que faziam parte. Curtidas em seu perfil no facebook… mais delírios, suspiros, arrepios… Passou a sonhar…

 O rebento chegara: o livro de poemas tão desejado. Ela, então, se fizera ainda mais poesia!

 O coração voltara a bater diferente. Ela continuava elétrica… A escrita a salvando do labirinto. Ele continuava preso. O sorriso que a cativara, cortina de fumaça, apenas.

Por RITA QUEIROZ – Professora, Poeta e Prosadora

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