Não deixe tuas ruas poluídas de papéis amassados aliás, não amasse, gesta as tintas, gesta os ares, gesta o olhar, gesta o tempo, teus rabiscos são embriões, não banque a editora antes da criadora. Deixe a poesia vir a tona, rasure, não limpe as tintas, pelo contrário derrame-as e misture as cores, se permita experienciar na bagunça, não deixa o teu sabotador te dominar. Como você vai saber o final se ainda nem começou ? rasure, faça borrões, mas não impeça a voz de sair da boca, não impeça a respiração, deixe o sopro vir do coração para o mundo. rabisque no caminho, deixa tua criação ganhar vida, seja no bloco de notas, na tela, no ônibus, na floresta, na rua. com olhos abertos não deixe o mundo escapar, mire nas pedras, nas flores, espinhos, no sol, na lua.
Mas não pare de cri [ar].
Por MARI VENTURA