Casou-se bem jovem e fora preparada para ser bela, recatada e do lar. Havia estudado, formando-se em Pedagogia. Nunca exerceu a profissão, dedicando-se exclusivamente à família. Teve 3 filhos.
Desdobrava-se para dar conta de todos os afazeres domésticos e ainda ficar bela para o marido. Acordava antes dele e já se arrumava, para tomarem café juntos. Antes dele chegar do trabalho, tudo estava arrumado, as crianças tomadas banho, e ela também: cheirosa, bem vestida e com o jantar pronto.
Nunca poderia ter uma dor de cabeça, pois deveria estar bem na cama, servindo-o sexualmente.
Sempre se convenceu de seu título: esposa. Ele podia ter outras fora do matrimônio, mas a esposa era ela. Nunca soube de nada, pois não tinha olhos para enxergar seus deslizes extraconjugais. Vivia tão convicta de sua posição que sempre recomendava seu estilo de vida para as recém casadas.
Em que século se passa essa história? Quantas belas, recatadas e do lar ainda há? Não sei, só sei que meu lugar é onde eu quiser estar.
Por Rita Queiroz