Por ser a menina dentro dos olhos do tempo e ter, no pulso, voltas e revoltas, punho cerrado, ampulheta de pretéritos, me guio por clichês e no destino me abrigo. Por prosear ideias e fazer da poesia meu lugar de fala, sobre tudo o que me cala, poeta de todos os tempos, sentimentos, reticências da saudade, por amor, prossigo. Por entrelaçar dedos, escrever à trois corações, ser infinitude poética em brasas vivas que queimam, mas não consomem, por consonar a eternidade que se cria e depois some , conto versos em prosas e, assim, me digo.
Caminho sobre seus lábios e descanso em nossas memórias, sinto a respiração de cada um dos seus versos e me encontro nos altos e baixos que fazem do seu peito minha frequência preferida, sintonizo em sua vida, música para minha alma aflita.
Aqui, pausa é canção e o tempo não existe. A conclusão precede, minha retórica retrocede e interrogo o que já foi respondido. Por tudo isso e muito mais, por ser mulher preta e ter, em pele e voz, o exato tom da poesia, poetizando o que já foi escrito, avançando, em milésimos de segundos, cada hora já perdida (…) Por não poder voltar no tempo e ter, somente, o agora, te faço um pedido: quer namorar comigo?
Por JÉSSICA SABRINA