Ponta do teu nariz na ponta do meu, aquela energia nostálgica que ficou no espaço entre os nossos
lábios.
Tu eras a música que inundava o ambiente daquela casa, eras a brisa que vinha das janelas, eras as
covinhas que se despertavam na minha bochecha esquerda a cada elogio teu, eras o perfume que pairava
naquelas manhãs, eras os risos de boca escancarada.
Entre os nossos lábios ficaram as promessas prometidas um ao outro e um no outro. O amor estacionou
ali, entre os nossos lábios, de olhos nos olhos, ficou o bem-querer naquele silêncio que podia ser ofensor, mas
era o espaço da esperança. A esperança que desejava que se tocassem novamente.
Fomos rasgando os limites, rompemos com o respeito, com a gentileza e estima, o tempo… foi a nossa
foice. Sem darmos conta que ceifávamos, vezes e vezes, a dignidade.
Fomos carentes um do outro, quanto mais garantidos nos sentíamos. Privámo-nos do que era a
presença de cada um, para podermos ganhar brilho noutros mundos por explorar.
Hoje, neste espaço entre os nossos lábios, existe uma única certeza: A de nos querermos amar sem espaços.
Os espaços que ficam entre as fissuras de tudo o que são falhas, desilusão e descuido.
Ali, entre os nossos lábios, ficou a certeza de que juntos, conhecendo o sabor amargo de nos perdermos,
o nosso amor não tem mais espaço, se não para o sucesso.
Por JOANA PEREIRA