RECITA-ME – Poema Resistência

RECITA-ME – Poema Resistência

A dor que me invade habita gerações

E nossos corpos carregam

As cicatrizes da revolução

Mas antes da fala

Recebemos o “cala”

Cala-se!

E neste cálice o líquido que esborrava

 jorrava sangue,

Clamante,

Unido com gemidos e pranto

Que em cada canto

Expelia obediência

Num olhar cabisbaixo,

Sem complacência

Sem rastro de afago

E ao passo que fomos caminhando

As lágrimas já enxutas foram nos moldando

Nos adaptamos

E acolhemos os nossos nãos

Em que o hoje entrelaçado com o passado

Nessa trajetória nada passiva

Ainda somos invadidas

Mutiladas, muitas vezes negadas

Silenciadas- na lei da mordaça.

Domesticadas- assim fomos romantizadas.

Sexualizadas para suprir um papel que não nos

cabe.

Não. Não mais!

Em resposta ao estereótipo

De mulher submissa

De suas vontades contidas

Te devolvo repúdio…

Por tudo.

Tomamos a força de muita luta

Nossa liberdade e conduta

E vamos conduzindo,

Por meio desse exato sorriso

E um olhar mais apurado

A nossa história,

Ancestralidade, garra

E também nosso passado.

Menina, não vamos te deixar pelo caminho

A vida é mãe e ela ensina,

Ensina como se caminha,

Pois te afirmo que não estais sozinha.

Não se anule,

Não se critique

Não permita que te invalidem

Toma para si o não que nos deram

E que deixemos bem claro

Que para qualquer violação

Nessa sociedade misógina

Diante do patriarcado

O nosso não

Sempre será NÃO!

Por Silmara Pereira

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