A dor que me invade habita gerações
E nossos corpos carregam
As cicatrizes da revolução
Mas antes da fala
Recebemos o “cala”
Cala-se!
E neste cálice o líquido que esborrava
jorrava sangue,
Clamante,
Unido com gemidos e pranto
Que em cada canto
Expelia obediência
Num olhar cabisbaixo,
Sem complacência
Sem rastro de afago
E ao passo que fomos caminhando
As lágrimas já enxutas foram nos moldando
Nos adaptamos
E acolhemos os nossos nãos
Em que o hoje entrelaçado com o passado
Nessa trajetória nada passiva
Ainda somos invadidas
Mutiladas, muitas vezes negadas
Silenciadas- na lei da mordaça.
Domesticadas- assim fomos romantizadas.
Sexualizadas para suprir um papel que não nos
cabe.
Não. Não mais!
Em resposta ao estereótipo
De mulher submissa
De suas vontades contidas
Te devolvo repúdio…
Por tudo.
Tomamos a força de muita luta
Nossa liberdade e conduta
E vamos conduzindo,
Por meio desse exato sorriso
E um olhar mais apurado
A nossa história,
Ancestralidade, garra
E também nosso passado.
Menina, não vamos te deixar pelo caminho
A vida é mãe e ela ensina,
Ensina como se caminha,
Pois te afirmo que não estais sozinha.
Não se anule,
Não se critique
Não permita que te invalidem
Toma para si o não que nos deram
E que deixemos bem claro
Que para qualquer violação
Nessa sociedade misógina
Diante do patriarcado
O nosso não
Sempre será NÃO!
Por Silmara Pereira
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