Ideias prontas para a ação. Premissa redondinha para você trabalhar. Personagens povoando sua mente com diversas falas querendo se libertar e ir direto para o papel. Cenários, mundos e locais pipocando a cada segundo. E você ficando completamente maluco, sem saber por onde começar . Já passou por uma situação assim? É a coisa mais normal que pode acontecer. A solução para auxiliar você nesse turbilhão que pode se formar é uma ferramenta simples que pode tornar sua vida, e a de seus personagens, bem mais tranquila. É nesse ponto que desejo iniciar a matéria com vocês hoje. Me acompanhem para desvendar os mistérios da “Escaleta”.
Matéria 8
Organizando, planejando e desenvolvendo.
É possível que você já tenha ouvido falar de Escaleta. É uma ferramenta interessante que auxilia diretamente no processo criativo do autor. É por meio dela que podemos organizar as ideias iniciais da nossa história e construir o caminho que nossa história irá seguir do princípio ao fim. Com essa ferramenta você poderá expor as principais ações que sua trama e personagens irão desenvolver ao longo da narrativa. Permitindo que cada peça do quebra cabeça se encaixe em um planejamento geral de todas as informações que você coletou e gerou a partir da ideia e premissa principais.
Existem duas maneiras que podemos construir a Escaleta, mas isso não impede de você criar uma maneira só sua. Afinal o importante mesmo no processo criativo do autor é conseguir entender e passar para frente a informação.
A primeira maneira é em forma de lista. De uma maneira bem simplória, posso comparar a escaleta a uma lista de ações. Observe abaixo a escaleta de um dos meus projetos como exemplo:
– A protagonista acorda, toma café com suas irmãs, briga com elas e sai rumo ao trabalho.
– Ao chegar ao serviço , se desilude na entrada com seu sonho de consumo romântico e paga mico na frente de sua melhor amiga.
– Ao longo do dia no escritório recebe a visita inesperada do técnico de TI que informa o roubo de dados em seu computador.
– Consegue resolver, mas fica intrigada com o comportamento do técnico.
E assim a história vai caminhando e eu consigo perceber, onde cada fala, cenário e ação deve ocorrer.
Posso analisar a sequência das cenas e verificar se está seguindo a premissa que planejei no começo da história. Posso também inverter a posição dos acontecimentos propositalmente para gerar mais empatia ou mistério no público leitor.
A segunda maneira que podemos desenvolver a escaleta é em forma de gráfico. Onde em cada ponto do gráfico você colocará as informações na sequência das ações. Os pontos altos no gráfico serão as partes onde os personagens vão crescendo rumo a um ponto de conflito e os pontos mais baixos, são as resoluções e desenvolvimento dos personagens entre vícios e virtudes.
E aí? Se identificou com uma das formas? Se você não gostou dessas maneiras, tenho que fazer um alerta: não são todos os autores que conseguem se adaptar logo de primeira com essa ferramenta. Mas não precisa se assustar com isso, ou mesmo achar que você é um alienígena na escrita. Se você tentou utilizar a Escaleta de várias maneiras e não se adaptou, pode ser que você seja um “Escritor Jardineiro”. O termo pode ser estranho, mas é a forma como podemos classificar os escritores e sua forma de construir suas narrativas. Escritores Arquitetos (constroem uma base antes de começar – precisam ter o começo, o meio e o fim bem definido antes de iniciar a escrita) e Escritores Jardineiros (Elaboram suas histórias seguindo sua intuição – não precisam do começo, meio e fim bem definidos, pois eles irão desenvolver eles durante o percurso da escrita da história). Então os autores jardineiros tendem a ter mais dificuldades em utilizar a Escaleta, pois as informações tendem a se alterar conforme a construção da narrativa.
Quer algumas dicas para começar? Seguem abaixo alguns autores que podem lhe orientar de maneiras práticas como conhecer e desenvolver sua escaleta:
Livros:
Story Robert Mckee
Santa Adrenalina – Claudia Lemes
E aí? Gostaram das dicas?
Nos encontramos na próxima matéria onde iremos continuar a conversar sobre o processo criativo na vida de autor. Após organizar suas ideias, qual seria o próximo desafio? Que tal pensarmos em uma capa impactante?
Aguardo vocês na nossa próxima edição!
Por LILIAN STOCCO
