HISTÓRIA DAS ARTES – História do Teatro

HISTÓRIA DAS ARTES – História do Teatro

 

“Pois Deus é o rei de toda a terra; cantem

louvores com harmonia e arte.”

                    Salmos 47:7

O teatro é uma arte ampla, atemporal, e reflexo da sociedade. Uma das artes mais antigas praticadas pelas civilizações, capaz de representar a realidade do povo, entreter, instruir, tem diversas contribuições importantes trazidas aos amantes dessa arte. A palavra teatro origina do grego théatron, e é uma configuração de arte em que um ator ou vários atores, interpretam uma história para um público. Conhecido como a segunda arte, é também um dos meios mais importantes de divulgação das Artes Cênicas.

Existem diversos teatros espalhados pelo mundo. No Brasil estão 71 destes em funcionamento. A 177,3 km, na capital do Piauí, se encontra os mais próximos da pessoa que vos escreve. Infelizmente como milhões de pessoas no mundo, eu também nunca fui a um teatro para assistir peças teatrais. Observa-se a necessidade de mais campanhas de popularização do teatro e das artes como um todo, para que assim aumente o acesso e a valorização da cultura, de forma democrática. No espaço físico do teatro as pessoas podem assistir, apresentar e representar: tragédias, comédias, musicais, danças e shows.

Penso que o teatro abraça todas as artes em si, faz o ator se transformar em múltiplos personagens, encantar, alegrar, chorar, gerar reflexão, provocar dúvida, suscitar ira, ou seja, produzir emoções! O público tem liberdade para analisar, criticar, se emocionar e até se pronunciar. Não há arte sem artista, não há criatura sem criador.

Convido-te a adentrar na coxia, a se tornar protagonista dessa peça que vamos começar agora e juntos conhecermos um pouco mais do surgimento do teatro e sua história no Brasil e mundo. Arte essa, que traz ao artista experiências e aprendizados diversos. Tem inúmeros benefícios, como o desenvolvimento da capacidade respiratória, flexibilidade, coordenação e mobilidade corporal. Além de desenvolvimento da autoestima, autoconfiança, maior poder de decisão e uma postura mais positiva diante de situações da vida diária.

“Ir ao teatro é como ir à vida

 sem nos comprometer.”

Carlos Drummond de Andrade

 

Os primeiros eventos envolvendo a arte teatral foram realizados no século IV antes de Cristo. Os destaques para esses eventos na época se relacionavam a celebração e para isso eram realizadas danças para retratar o dia a dia da sociedade naquela época. O teatro sempre esteve presente na história da humanidade e, diante das necessidades de se expressar ele surge juntamente com o desenho no seu formato mais primitivo. Por meio deles, o homem expressava sentimentos, contava histórias, e louvava seus deuses.

“O teatro é um denominador comum que une a lágrima e o sorriso num só rosto”.

                                                 Danilo Felix

 

Não se sabe ao certo quando surgiu o teatro. Provavelmente, desde o tempo das cavernas a curiosidade do homem observando os animais, imitando esses bichos, numa tentativa de se aproximar deles sem ser visto numa caçada, já encenava cenas teatrais ritualísticas.

Basicamente o teatro primitivo, era danças dramáticas coletivas que retratavam o cotidiano, uma espécie de ritual de celebração, agradecimento ou perda. Com o tempo, o homem passou a realizar rituais sagrados na tentativa de acalmar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela (envolvendo cantos, danças e encenações de histórias dos deuses, que assim deveriam ficar felizes com a homenagem e ser piedosos com os homens). Com o surgimento da civilização egípcia, os pequenos rituais tornaram-se grandes, formalizados e baseados em mitos. Os mitos começaram a evoluir, surgem danças miméticas. Estas pequenas evoluções deram-se, com o passar de vários anos, propagavam as tradições e serviam para o divertimento e a honra dos nobres.

 

 “Teatro é uma arte despertada naqueles que procuram enxergar além das fronteiras da realidade, além do próprio ser e existir”.

                                   Ace Jack

O teatro surge na Grécia, das cerimônias e rituais como as Dionisíacas, que eram celebrações de caráter religioso a Dionísio: o deus do vinho, do entusiasmo, da fertilidade e do teatro. Os deuses gregos eram muito parecidos com os homens, pois, tinham vontades e humores. As encenações eram feitas só por homens, já que as mulheres não eram consideradas cidadãs, dessa forma, as máscaras, antes utilizadas como artefatos ritualísticos, eram usadas para representar personagens de ambos os sexos. Também foi na Grécia que surgiu a dramaturgia com Téspis que também representou pela primeira vez o deus Dionísio, criando o ofício de ator. Daí surgindo dois gêneros do teatro, a Tragédia e a Comédia.

 

Nas tragédias gregas os temas eram ligados às leis, à justiça e ao destino. Nesse gênero eram contadas histórias que quase sempre terminavam com a morte do herói. Os autores de tragédias gregas mais famosas foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Já na comédia grega as histórias visavam o riso do espectador, eram formas engraçadas de perceber a vida, chamadas de sátiras. Dentre os autores de comédia grega se destaca Aristófanes. Os autores tiveram grande influência no teatro que veio depois e suas peças são encenadas até hoje.

As encenações de teatro eram realizadas ao ar livre, e num mesmo dia eram encenadas várias peças. Nesses espetáculos reuniam-se muitas pessoas. Depois passaram a ser representadas em espaços especiais, parecidos com os teatros atuais. Eram construções em forma de meia-lua, cavadas no chão, com bancos parecidos com arquibancadas, chamados de teatros de arena, anfiteatros (construídos com minucioso cuidado acústico e arquitetural).

Já o teatro romano não é um reflexo do grego. Traz resquícios da cultura grega, porém, tinham seu próprio estilo. Vai perdendo o caráter de sagrado e visa à diversão e ao prazer, a comédia toma o lugar da tragédia. Os espetáculos de circo em Roma eram violentos, se baseavam em competições entre os romanos e os cristãos, os quais eram sacrificados publicamente.

Na Idade Média, período marcado por intensa atividade católica, durante as missas eram representadas passagens da bíblia, porém, as autoridades católicas, com medo da perda do caráter sagrado da missa, proibiram as exibições e as peças foram para as praças públicas. Ainda nesse mesmo período, surgem às comédias bufas com temas políticos e sociais, e a farsa com uso de estereótipos que ironizavam acontecimentos do dia a dia; os Saltimbancos, companhias de teatro que iam de cidade em cidade apresentando seus espetáculos.

Na Itália, no final da Idade Média e início do Renascimento, surge a Commedia Dell’Arte, que se baseava em espetáculos teatrais populares, apresentados nas ruas, com textos improvisados e personagens de destaques como Arlequim, Pierrot, colombina, polichinelo, Pantaleão, Briguela. Na Inglaterra, a rainha Elizabeth I deu proteção ao teatro da época, pois, apreciava muito os espetáculos populares. Contava com a ajuda de alguns dramaturgos ingleses para contar a história de seus heróis, reforçando o sentimento do nacionalismo. O principal deles era Sheakespeare que também idealizou e construiu o mais famoso teatro inglês: o Globe. Também vale destacar o francês Moliére, patrono dos atores franceses. Moliére foi um comediógrafo, ou seja, se dedicou a escrever comédias e, em suas histórias, explorava as fraquezas e ridículos do ser humano.

Nos séculos XVIII e XIX, a Europa teve várias revoluções, dentre destacamos: a ascensão da burguesia e as influências sofridas pelo teatro por conta desses acontecimentos, o drama substitui a tragédia e a comédia se desenvolve, o foco do teatro se torna muito mais individual e não é mais social. No romantismo, o teatro volta-se para o ser humano, as peças falam sobre emoção, e surge o melodrama. Liberdade, fraternidade e igualdade são os lemas desse período.

Até o século XVIII o teatro era frequentado pelo povo e essa realidade foi se modificando, a burguesia começou a ser maioria nas plateias e o teatro passou a mostrar as realidades burguesas com temas como a vida social, o casamento, o dinheiro entre outros. As representações também começaram a ser mais naturais, mostrando pessoas comuns, mais próximas da realidade.

Já no século XX o teatro evolui a partir do realismo e naturalismo, se tornando um instrumento de discussão e crítica da sociedade, mesmo com a falta de preocupação com relação à reprodução da realidade nos figurinos e cenários. Os temas eram tratados de modo a elucidar a realidade social. Questões políticas eram trabalhadas nesta época, assim como as que criticavam aspectos da sociedade burguesa.

 

O Teatro hoje

Com tantas influências, é visível que o teatro de hoje é uma arte muito rica. Existe a ópera, o teatro de bonecos, os musicais, os feitos em espaços alternativos, entre outros. Com o passar do tempo, essa manifestação artística foi evoluindo em organização e elaboração, chegando ao que hoje conhecemos como o teatro: com enredo, atores, plateia, encenações, etc. Quando apareceu o cinema, há mais de cem anos, muitos previam o fim do teatro, pensando que o cinema iria substituí-lo, porque podia criar histórias com muito mais semelhança com a realidade. Ainda bem que isso não aconteceu não é? Até mesmo durante a pandemia ocorrida há pouco tempo o teatro se inovou e se adaptou, as apresentações passaram a ocorrer por meio de lives ou outros artifícios.

 Embora já houvesse adaptações dessa arte em vídeo, agora se tornou indispensável o uso da ferramenta para dar continuidade à profissão, e mesmo após a pandemia ter sido controlada por diversos meios, o uso da arte teatral ainda se utiliza das adaptações através da internet para estar mais próximo de seus expectadores.

“O teatro está aí, não acaba nunca.”

           Wagner Moura (ator brasileiro).

Teatro no Brasil

No período que corresponde ao século XVI, o Brasil passou a ser colônia de Portugal, os padres Jesuítas, que aqui chegaram, trouxeram consigo inspirações como a literatura e o teatro, sendo estes os principais instrumentos pedagógicos para a educação religiosa, daí sua origem no Brasil possuir grandes influências religiosas. Estes notaram que a utilização de métodos como o teatro, somado com a cultura indígena, eram eficazes como instrumento de civilização, principalmente para a catequese dos índios, visto que o fascínio de imagens representativas era muito mais eficaz do que a leitura de passagens bíblicas.

Até o ano de 1584 as peças eram escritas em espanhol, português ou tupi, quando então surgiu o latim. As peças sempre possuíam como objetivos de cunho religioso, didático e moral, representados por personagens como santos, imperadores, demônios que em algumas situações de forma simbólica, como o amor ou o temor por Deus, por exemplo.

O Romantismo foi o grande responsável por trazer forças ao teatro brasileiro no século XIX, impulsionado por célebres escritores como Martins Pena, Gonçalvez Magalhães, João Caetano, José Alencar e Machado de Assis. A porta de entrada para muitos amadores para o profissionalismo no teatro se deu em 1957 com o surgimento do teatro de Arena em São Paulo, (onde se colocava o público em um mesmo nível que os atores em volta de uma arena circular, o que dispensa cenários realistas, podendo ser criado pela luz e pelo trabalho dos atores) e nos anos seguintes foi responsável por formar grandes personalidades do mundo artístico, como Nelson Xavier, Flávio Migliaccio e Milton Gonçalves, dentre muitos outros.

Atualmente, o teatro pode ser considerado uma arte extremamente rica, devido às enormes influências. Temos contato com óperas, teatro de bonecos, musicais, peças realizadas em espaços alternativos entre outras formas. O teatro hoje ainda é tão popular como no seu início, sendo uma arte sempre bem aclamada por todos os públicos, de todas as idades, graças às grandes opções encontradas hoje. As apresentações desenvolvidas com forte cunho filosófico estimulam o pensamento crítico de atores e de quem as assiste, tornando-o uma grande fonte de cultura, uma enorme ferramenta de comunicação para as massas, uma arma forte contra a ignorância e o combate ao preconceito de todas as formas.

Belo espetáculo não foi! Creio que fomos até aqui bons protagonistas, platéias, realizamos uma boa produção! Essa breve explanação, no entanto, (exibição) sobre o teatro não tem caráter elucidativo são referências, que permite reflexões, criticas e que nos levará a raciocinar no quanto somos seres relacionáveis e dentro desse contexto a arte se torna uma grande ferramenta de comunicação para expor sentimentos, pensamentos, anseios e preocupações. Com a arte a cultura se constrói, elas estão completamente interligadas, e precisamos conhecer para amar. Arte é cultura, que por sua vez é sensibilidade e cidadania, refletindo socialmente nos espaços de vida através de nossa história, das vivências diárias.

Abraços na alma!

Por BETÂNIA PEREIRA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo