O que sou agora
É, virei história, um exemplo de luta e coragem.
Lutei , cansei , sorri, amei…
Fui o sangue quente que pulsava em minhas veias.
Fui a verdade nua e crua.
Fui gente, fui fera!
Fui apenas uma mulher lutando por sua liberdade.
Muitas vezes, busquei por dentro o que nunca vi no outro.
O que é que eu fui?
O que sou hoje para vocês?
Fui e ainda sou a voz, a respiração ofegante em cada instante.
Fui nada e ao mesmo tempo tudo.
Fui a melhor versão de tudo que podia ser naquele momento.
Deixo a vocês a minha humilde história.
Tudo só acaba quando termina.
Foi preciso antecipar minha partida, não por covardia.
Mas sim para mostrar que, apesar de ter um dono.
De ser vista como um rato, ninguém era dono de mim, nem das minhas vontades.
Mostrar que eu poderia acabar com a minha dor no momento que eu quisesse.
Deixei para meus irmãos, não apenas a indignação ou o medo.
Mostrei a eles que a libertação poderia vir com lutas ou na glória…
Dandara dos Palmares – Mulher negra e guerreira, viveu no período colonial do Brasil. É um dos principais nomes da luta negra no Brasil, teve papel fundamental na construção e comando do quilombo dos Palmares, um dos Marcos da resistência contra o regime escravocrata brasileiro, que existiu e resistiu como quilombo por mais de 100 anos. Após ser presa, cometeu suicídio se jogando de uma pedreira ao abismo para não retornar à condição de escrava. Zumbi dos Palmares foi seu marido e com ele teve três filhos.
Descrita como uma heroína, Dandara dominava técnicas da capoeira e teria lutado ao lado de homens e mulheres nas muitas batalhas consequentes a ataques a Palmares, estabelecido no século XVII na Serra da Barriga, região de Alagoas, cujo acesso era dificultado.
Por SILVANA MAHIN
