Era quarta-feira à tarde. Nada foi visto exceto os carros que passavam imparáveis,
impelidos pelo destino.
Era uma quarta-feira ferida, e repentinamente parei de andar. Sentia-me invisível acariciando o chão com os pés, impossível, desejando asas. Como se soubesse naquele dia que a primavera mais cedo chegaria, em um rosário de lírios, em um flash do seu sorriso. Como se… um aviso vibrante, um desejo ansioso, preparando-me para tremer.
Prefácio à sua presença no meu telefone, a luz vermelha soberba a alertar, olhares furtivos de muitos ninguéns.
Sinto o sol, fito o céu e na multidão estou só. A cidade não era nada além de um coração de pedra encerrando solidão.
O eco da sua mensagem tocando, tão alto quanto eu vivo, tão doce quanto real, tão distante quanto cruel.
Eu me rendo ao seu primeiro “Te quero”, e deixo escapar um sorriso amaliciado. Voando imaginação, sigo adiante, acariciado pela maresia atravesso a via.
Eu me rendo aos meus olhos que fechados enxergam teu sorriso. Memória latente, quarta-feira fria e em frente ao mar, de amor eu morreria.
Por CARLOS GARCIA