CRÔNICAS TONS DO COTIDIANO – Solstício de quarta por Carlos Garcia

CRÔNICAS TONS DO COTIDIANO – Solstício de quarta por Carlos Garcia

 Era quarta-feira à tarde. Nada foi visto exceto os carros que passavam imparáveis,

impelidos pelo destino.

 Era uma quarta-feira ferida, e repentinamente parei de andar. Sentia-me invisível acariciando o chão com os pés, impossível, desejando asas. Como se soubesse naquele dia que a primavera mais cedo chegaria, em um rosário de lírios, em um flash do seu sorriso. Como se… um aviso vibrante, um desejo ansioso, preparando-me para tremer.

 Prefácio à sua presença no meu telefone, a luz vermelha soberba a alertar, olhares furtivos de muitos ninguéns.

 Sinto o sol, fito o céu e na multidão estou só. A cidade não era nada além de um coração de pedra encerrando solidão.

 O eco da sua mensagem tocando, tão alto quanto eu vivo, tão doce quanto real, tão distante quanto cruel.

 Eu me rendo ao seu primeiro “Te quero”, e deixo escapar um sorriso amaliciado. Voando imaginação, sigo adiante, acariciado pela maresia atravesso a via.

 Eu me rendo aos meus olhos que fechados enxergam teu sorriso. Memória latente, quarta-feira fria e em frente ao mar, de amor eu morreria.

Por CARLOS GARCIA

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