O MUNDO DA FANTASIA – A importância dos livros de fantasia Infantojuvenis

O MUNDO DA FANTASIA – A importância dos livros de fantasia Infantojuvenis

 Quando se trata da literatura Infantojuvenil, ainda há uma certa relutância nas escolas que a julgam como boba ou superficial em detrimentos aos clássicos da Literatura Brasileira. Em hipótese alguma devem acabar as leituras obrigatórias dos clássicos, pois a história e a arte da escrita Brasileira é é preciso ser conhecida e apreciada. Porém, em quesito de identificação, se perde muito ao deixar de incentivar os jovens a lerem livros infantojuvenis que foram feitos e pensados para sua faixa etária e que refletem essa fase da vida, cheias de descobertas, dúvidas onde o pré-adolescente ou adolescente está descobrindo a si e seus sentimentos.

 Para aqueles que já passaram pela adolescência, ler IJ pode produzir uma sensação de nostalgia, de revistar situações desta fase. Outras pessoas, entretanto, nutrem desdém por essas leituras por desconsiderar ou não se lembrar das experiências e dificuldades que presenciaram durante a fase da adolescência, desconsiderando ter passado por tudo aquilo que um dia foi conflituoso.

 Qualquer livro pode ser lido com qualquer pessoa (salvo as indicações de censura, violência, gatilho que devem ser considerados). E seguindo o mesmo raciocínio, toda história pode ser contada para qualquer público: o que muda é a forma com que é contada, e isso inclui e os meandros que se destacam, o cuidado ao se camuflar com alegorias, eufemismo e figuras de linguagem cenas de violência e sexualidade, além de procurar os temas que sejam relevantes para essa faixa etária. Como em qualquer outro gênero, o ponto chave levado em consideração na literatura infantojuvenil ou jovem adulto são as necessidades, dores e dúvidas que passam pela cabeça desses jovens de 9 a 20 anos.

 Outro ponto que ainda é malvisto nas escolas é a literatura de gênero, inclusive do gênero Fantasia. Considerada uma fuga da realidade, desde cedo, tanto a criatividade quanto a fantasia é desencorajada nas crianças, considerado fútil ou inútil. Porém, a fantasia tem sutilezas, que, diferente de nossa dura realidade, trata de forma singela assuntos como preconceito racial: ao invés de colocar etnias reais, faz um paralelo entre elfos e orcs, debatendo essa pauta tão importante de forma simbólica e muito efetiva, sendo, muitas vezes, necessário se afastar do assunto para ver em sua totalidade, e a fantasia nos tira da realidade para nos mostrar uma nova versão da nossa própria, mesmo que nas entrelinhas.

 Voltando ao infantojuvenil, assuntos delicados de serem trabalhados, como descoberta da sexualidade, empoderamento, amor-próprio e bullying, podem parecer algo distante e até irrelevantes em nossa maturidade, mas para aqueles que passam por esse problema, as linhas lidas em um livro podem acalentá-lo acalmá-lo, como também consolá-lo de situações do seu cotidiano. Os personagens ao passarem por esses percalços provam par ao leitor que é possível passar por isso (quase o paradoxo do Expecto Patronum de Harry Potter em O prisioneiro de Azkaban, quando ele percebe que viu fazendo o feitiço, ele tem plena certeza que é capaz. Então ver personagens tomando o controle de sua própria vida, lutando contra a depressão, contra o bullying e, em meio a diversas dificuldades, indo em busca de seu objetivo se torna algo inspirador, catártico.

 Na saga Final Apocalypse, vemos vários personagens lutando contra seus medos:

 Angelo que se provar capaz, diferente do que pensam dele no paraíso, pois nunca passou em um teste para classes angelicais.

 Lia luta contra o descaso da madrasta e contra a depressão, e têm que perceber que não pode depender do amor alheio para ser feliz.

 Caitleen perdeu o pai muito jovem, e com isso se tornou muito fechada e agressiva, e precisa encontrar uma maneira de viver seu luto e seguir sua vida.

 Daniel vê coisas sobrenaturais, e por isso se tornou um garoto introspectivo. Ele precisa aprender a confiar nos outros e entender por que ele tem essa aptidão tão peculiar.

 Alan guarda a tristeza de um acidente, onde sua prima ficou paraplégica, e ele vive uma espécie de culpa do sobrevivente, onde tenta esbanjar felicidade para não demonstrar essa dor do seu passado.

 Ana ainda não foi adotada. Ela tem que aprender a conviver com essa rejeição e entender que não é sua culpa estar em um orfanato.

 Débora é muito tímida e não tem autoconfiança. Ela precisa acreditar em si própria para que possa mostrar o seu melhor para as pessoas.

 Lian está em meio a uma briga judicial familiar, vivendo em uma pensão com o irmão, porque seus pais adotivos morreram e a família quer tirá-los do testamento. Em meio às dificuldades financeiras eles precisam trabalhar e ainda estudar.

 Durante os livros do arco de gêmeos, os três primeiros livros da Saga Final Apocalypse onde Angelo e o protagonista, veremos o amadurecimento dos personagens e toda sua caminhada de aceitação, de transpor barreiras, seja pessoas ou materiais.

 E espero de coração que estes livros inspirem adolescente que atravessam suas próprias jornadas pessoais, sejam elas reais ou fantásticas.

Por JOSI GUERREIRO

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