Anarriê meu povo! Nesta edição vamos mergulhar no mundo da festa junina, essa grande tradição popular do Brasil, em especial na região Nordeste!
As festas mais famosas acontecem na cidade de Campina Grande, Paraíba. Essa é considerada a maior festa de São João do mundo. E além dessa, outras cidades nordestinas se destacam também: Caruaru, em Pernambuco; São Luís, no Maranhão; Mossoró, no Rio Grande do Norte; e Teresina, no Piauí.
As festas juninas acontecem entre os meses de junho e julho no Brasil. Nela se comemoram três santos bem populares: Santo Antônio, São Pedro e São João.
A origem da festa é pagã, ou seja, contrária à doutrina cristã. Há muitos séculos atrás, antes da Idade Média no hemisfério norte, as pessoas comemoravam a chegada do verão, no mês de junho, como uma espécie de homenagem aos deuses da fertilidade e da natureza, em benefício das colheitas. Dentre os produtos cultivados estava o milho, que até hoje é o ingrediente mais comum nas comidas típicas de festa junina.
Mas, como a igreja não conseguia acabar com a popularidade dessa festa – que surgiu há centenas de anos – acabou aderindo a ela e atribui-lhe um cunho religioso.
As fogueiras, símbolo pulsante das festas juninas atualmente, também têm origem na festa pagã, já que era costume fazer fogueiras nas celebrações. Foram os portugueses que trouxeram a festa para cá, no período colonial. Em Portugal, a festa junina era chamada de Festa Joanina – pelo fato de acontecer em junho e com o intuito de homenagear a São João, principal santo da comemoração – motivo pelo qual as festas juninas também são chamadas de Festa de São João.
São João teria nascido em 24 de junho e é muito popular entre os portugueses, que tiveram muitos reis com esse nome, os quais construíam capelas em homenagem ao santo.
São Pedro, martirizado em 29 de junho, é considerado o primeiro Papa da igreja. Santo Antônio, por sua vez, que morreu no dia 13 de junho, nasceu em Lisboa.
Desde que as festas juninas foram trazidas pelos portugueses, a comemoração sofreu múltiplas influências das culturas africanas e indígenas e, em decorrência disso, passou a ter características peculiares em cada parte do Brasil.
Em relação às comidas típicas, se destaca o milho. Os principais pratos típicos de festa junina são: pipoca, paçoca, pé de moleque, canjica, cachorro-quente, pamonha, curau, bolo de milho, arroz-doce, pinhão, cuscuz e tapioca. Já as bebidas mais tradicionais são: vinho quente e quentão.
Todos esses elementos ajudam a compor o ambiente da festa, chamado de arraial. Ali é onde ficam as barraquinhas de comidas e bebidas típicas decoradas com bandeirolas juninas.
Nas festas juninas reina, na dança, o forró. A quadrilha junina é a dança típica da festa. Tem origem nas danças de salão na França e consiste numa bailada de casais caracterizados com vestimenta tipicamente caipira. Uma coreografia chamada de casamento caipira é feita em homenagem a Santo Antônio. Delícia, não é mesmo?
Mas a festa vai além! A fogueira, sobre a qual falei antes, também faz parte do cenário da festa. Ela simboliza a proteção contra os maus espíritos. A tradição foi mantida pelos católicos, que dedicaram uma forma de fogueira diferente para cada santo: a quadrada é de Santo Antônio; a redonda de São João; e a triangular de São Pedro.
Dentre as brincadeiras que ocorrem nessas festas, destacam-se a cadeia, pau de sebo, pescaria, correio-elegante, saltar a fogueira, argola, entre outras. E para os mais místicos, não podem faltar as simpatias, símbolo maior do sincretismo nas festividades.
Segundo a crendice, no dia 13 de junho as igrejas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”, o qual deve ser comido pelas mulheres que procuram marido: uma homenagem a esse que é por nós considerado o santo casamenteiro. Acho que aos poucos os apps de relacionamento estão roubando dele essa alcunha. Rs.
As roupas tradicionais de festa junina são tipicamente caipiras, com vestimentas bem coloridas e de estampa geralmente em xadrez. As mulheres usam vestidos coloridos e tranças no cabelo. Já os homens costumam usar camisa xadrez e chapéu de palha. Ambos usam maquiagem para imitar sardas (nas mulheres) e bigodes (nos homens).
Há também um outro elemento super significativo: o mastro de São João, que inclui a sua imagem, juntamente com mais três bandeiras ou fitas coloridas, representando os demais santos populares da festa.
Tem pessoas que passam o ano todo esperando o momento da festa junina, por considerarem esse o principal evento do calendário. Vamos junto com eles, viajando nesse patrimônio cultural do Brasil.
Até a próxima festividade! Nos encontramos em breve aqui no nosso recanto!
Por EDUARDO MACIEL 
